Colônia da Espanha até o século XIX, Cuba via, com muita insatisfação suas riquezas sendo exploradas pelos espanhóis. Os Estados Unidos, até então com boas relações comerciais com a ilha, temendo perder sua influência no território, resolveram intervir militarmente, o que, graças ao poderio militar superior ao da Espanha, resultou na independência de Cuba em 1898.
Com a expulsão dos espanhóis, os norte-americanos impuseram a assinatura do Tratado de Paris, que dava aos Estados Unidos o direito de controlar Cuba, por meio da Emenda Platt, garantindo que a ilha estaria sob seu controle total e ‘protegida’ das invasões europeias.
Um verdadeiro paraíso para os estadunidenses, mas que deixava grande parte da população cubana marginalizada e sem qualquer tipo de assistência, essa situação se acirrou durante a ditadura de Fulgêncio Batista, marcado por atos repressores contra as manifestações populares e pela fidelidade aos interesses americanos.
A situação em Cuba mudou quando uma guerrilha liderada por Fidel Castro e Ernesto Che Guevara tomou o poder e acabou com o governo de Batista, em 1959, contrariando os interesses americanos, anunciou que o país seria socialista, tomando medidas para ajudar sua população, entre elas o confisco e a distribuição de terras e bens de americanos na ilha, gerando a revolta dos EUA.
Os embargos econômicos
Em 1962, o então presidente John F. Kennedy, em resposta às políticas adotadas por Fidel, impôs duros obstáculos contra Cuba, impedindo a maioria das trocas comerciais, o envio de alimentos ao país caribenho, proibição de viagens de americanos para a ilha e a punição de empresas nacionais e estrangeiras vinculadas ao país, caso tivessem relações financeiras com Cuba.
Durante a administração de Donald Trump esses embargos se acirraram, sendo impostas 243 medidas coercitivas unilaterais, incluindo bloqueios para estadunidenses que queiram realizar turismo na nação caribenha. Ativou, ainda, o título III da lei Helms-Burton, de 1966, que estabelece a possibilidade de processar empresas cubanas na justiça estadunidense, resultando em processos de cobrança de multas milionárias. Além disso, os EUA mantém Cuba, mesmo sem evidências, na lista espúria de países patrocinadores do terrorismo, a fim de justificar esses condenáveis bloqueios.
Intercâmbio de formação
Por meio de intercâmbio convocado pela Confederação Latino-Americana e do Caribe de Trabalhadores Estatais (Clate), participei, com mais 18 brasileiras(os), entre 22 de abril e 02 de maio, do 5º Curso de formação para dirigentes sindicais na Escola Lázaro Peña, em Havana (Cuba).
Tivemos a oportunidade de visitar a Universidad Ciencias Médicas de La Habana – Instituto de ciências básicas Y Preclínicas “Victoria de Giron”, e conhecer um pouco sobre as políticas de atenção prioritária a saúde e educação, adotadas pelo governo desde a revolução, que já formou 39.000 médicos de 121 países.
Na sede da Federação Sindical Mundial – FSM, aprendemos um pouco sobre as leis locais de proteção aos trabalhadores, a Constituição federal e, em especial o Código de Trabalho Cubano, Lei 116/2014”.
Consequências visíveis dos embargos
Tive a oportunidade de conversar com as pessoas da ilha nos mais diversos locais: nas comunidades, no transporte coletivo e nas feiras, constatei que, apesar de todas as dificuldades que estão passando, mostram-se educados, acolhedores e alegres; Em todo lugar a música é presença constante, inclusive no transporte coletivo os passageiros ouvem, cantam junto e até dançam; caixas de som são adaptadas em motocicletas e as criança são incentivadas a participarem de aulas de canto e instrumentos musicais.
A escassez de alimentos e produtos básicos está atingindo toda população. O povo cubano está faminto! Os bloqueios impostos pelos EUA têm trazido sofrimento e inegável pobreza àquela ilha.
Bancos, transportadoras, companhias de navegação marítima, energéticas, seguradoras e empresas de logística em geral negam serviços a Cuba por medo de sanções e multas dos Estados Unidos. Essa perseguição encarece em até 30% a importação de combustível, por exemplo. Faltam fertilizantes, insumos para fabricação de remédios, atingindo especialmente as pessoas com saúde mais fragilizada;
Solidariedade mundial
Frente a todo esse cenário, o povo cubano, inspiração para os povos de todo o mundo na luta contra a exploração colonialista e imperialista, clama por solidariedade mundial e pelo legítimo direito de ser uma nação soberana e independente.
São 64 anos de resistência ao imperialismo norte-americano, cujo imperador não perdoa o povo cubano por mostrar ao mundo que viver em comunidade é possível, e que o nosso planeta não pode ter um único dono.
Nas palavras do atual presidente Díaz-Canel “A solidariedade humana não pode ser bloqueada, continuará a ser uma arma indestrutível de luta e combate e, ao mesmo tempo, uma mensagem permanente e inesgotável de paz que não pode ser silenciada”.
Nesse sentido, toda solidariedade e apoio dos demais países são imprescindíveis para dar visibilidade à real situação da ilha, pressionando o governo dos Estados Unidos a pôr fim ao intensificado bloqueio econômico, comercial e financeiro, que prejudica o desenvolvimento e o bem-estar do povo cubano.
Abajo el bloqueo!
Cuba libre já!
Autoria: Arlete Rogoginski
Coordenadora-geral da Fenajud