O presidente do SINDJUSTIÇA, Fabrício Duarte, assina artigo publicado hoje no jornal O Popular sobre o envelhecimento populacional brasileiro e seus desafios, a começar pelo preconceito em torno das pessoas com mais de 60 anos.
Nesse contexto, Fabrício nos leva a refletir sobre a prática do etarismo nos ambientes laborais, como o serviço público, onde estamos inseridos. “Nossa luta contra o etarismo no serviço público é, em última análise, uma luta por um ambiente de trabalho mais inclusivo e eficiente para todos nós. Reagir contra essa discriminação é reconhecer que cada fase da vida tem algo valioso a oferecer”, afirma.
O assunto foi tema da campanha REAJA! no mês de setembro e, neste mês de outubro, está em destaque em razão da passagem do Dia Nacional e Internacional do Idoso, comemorado no dia 1º.
Leia o artigo na íntegra.
Etarismo e serviço público
O envelhecimento populacional é uma realidade incontornável em todo o mundo, inclusive no Brasil. Vivemos um momento em que a longevidade se tornou objeto de políticas públicas, pesquisas e discussões sociais. Nesse contexto, o etarismo, especialmente no serviço público, surge como um desafio que afeta não só a dignidade dos trabalhadores, mas também a eficiência e os resultados alcançados pelas instituições.
No serviço público, onde o envelhecimento da força de trabalho é evidente, a percepção de que envelhecer significa improdutividade, desatualização e desconhecimento ainda está profundamente enraizada. Muitos servidores mais velhos enfrentam olhares preconceituosos e atitudes que desvalorizam sua experiência, como se a inovação fosse incompatível com a tradição e a sabedoria adquiridas ao longo de décadas de serviço. Esse preconceito não só desmotiva os profissionais da ativa e aposentados, como também compromete o clima organizacional e a troca intergeracional.
A campanha REAJA!, lançada pelo nosso sindicato no ano passado, trouxe à tona o etarismo de maneira contundente. Ao discutirmos esse preconceito velado, muitos servidores relataram situações desconfortáveis e discriminações sutis, tanto em suas interações diárias quanto em processos de promoção e reconhecimento. É impossível ignorar o impacto desse preconceito, que atinge profundamente a autoestima e a sensação de pertencimento dos trabalhadores mais velhos.
Em nível global, instâncias como a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Organização das Nações Unidas (ONU) têm dado especial atenção ao envelhecimento, propondo que a década de 2020-2030 seja marcada por esforços integrados para enfrentar os desafios dessa realidade. No Brasil, as reformas previdenciárias prolongaram a vida laboral, evidenciando a urgência de lidar com os impactos do envelhecimento no trabalho.
A ideia de que o envelhecimento é um obstáculo é uma visão ultrapassada que, paradoxalmente, ignora que todos nós estaremos neste mesmo barco em algum momento. Não reconhecer o valor da experiência dos mais velhos é não apenas uma injustiça, mas também uma sentença ao nosso próprio futuro. A inovação e a tradição não precisam ser forças antagônicas; pelo contrário, sua integração pode gerar um ambiente de trabalho mais saudável, produtivo e criativo.
Nossa luta contra o etarismo no serviço público é, em última análise, uma luta por um ambiente de trabalho mais inclusivo e eficiente para todos nós. Reagir contra essa discriminação é reconhecer que cada fase da vida tem algo valioso a oferecer. Afinal, quem de nós não deseja envelhecer com dignidade e respeito?
Neste contexto, o Dia Nacional e Internacional do Idoso, celebrado em 1º de outubro, oferece uma oportunidade para refletirmos sobre a importância de valorizar e respeitar os mais velhos em todas as esferas da vida, incluindo o serviço público. A luta contra o etarismo é também uma luta por um futuro mais justo e inclusivo para todos.