Impacto social da pandemia é maior sobre as mulheres, aponta estudo da Fiocruz

Com dados coletados entre 24 de abril e 8 de maio, a partir de questionário respondido por mais de 40 mil pessoas, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) mostrou que o isolamento social imposto pela pandemia do coronavírus afeta mais as mulheres do que os homens no Brasil. A “Pesquisa de Comportamentos” da instituição foi apresentada na semana passada. Os resultados completos estão disponíveis numa página especial do portal da Fiocruz: https://convid.fiocruz.br

A sobrecarga de trabalho doméstico é o fator apontado como o mais significativo entre as mudanças de hábitos causadas pelo isolamento social. Entre as mulheres que preencheram o formulário online, 26,4% apontaram o aumento desse tipo de tarefa. Entre homens, esse dado apareceu em apenas 13,1% dos participantes da pesquisa.

Tabaco e álcool

Outro dado preocupante é o aumento no consumo de cigarro entre as mulheres fumantes. Destas, 29% passaram a fumar pelo menos dez cigarros por dia. Entre os homens, esse percentual é de 17%. De forma geral, o aumento da ingestão de bebida alcóolica no período de isolamento foi apontado por 18% do total de entrevistados. O número é ainda maior entre pessoas na faixa etária de 30 a 39 anos, chegando a 29%. Esses dois fatores são preocupantes porque indicam fatores que podem prejudicar o sistema imunológico, comprometendo vários aspectos da saúde.

Atividade física

Em relação ao tempo dedicado à prática de atividades físicas, a queda entre as mulheres também foi maior, de acordo com o levantamento da Fiocruz. Antes da pandemia, 27,6% delas realizavam pelo menos 150 minutos de exercícios físicos por semana. Após a pandemia, esse número – que já é baixo – caiu para apenas 10,8%, uma redução de 60,1%. Entre os homens, também houve forte queda, mas menor do que entre as mulheres: antes da pandemia, 33,5% praticavam ao menos 150 minutos de atividades físicas semanalmente e após a pandemia esse índice caiu para 14,7%, o que representa uma diminuição de 56,1%.

Alimentação saudável

Outro item avaliado pela Fiocruz foi a qualidade da alimentação antes e após a pandemia. Entre mulheres, o percentual de quem consome chocolates ou doces em 2 ou mais dias da semana pulou de 41,7% para 48,7%. Na população masculina, esse aumento foi de 40,7% para 45,3%.

Violência doméstica

A pesquisa não abordou o tema da violência doméstica, mas são públicos os dados de aumento das denúncias relacionadas a esse fenômeno, que tem mulheres e crianças como principais vítimas. O assunto, inclusive, foi abordado em artigo de Eliza Toledo, pesquisadora da Fiocruz, publicado em abril.

“O aumento da violência contra a mulher na pandemia de Covid-19: um problema histórico”.

 

Site com todos os dados da pesquisa:

https://convid.fiocruz.br

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