Coronavírus: Estudos da OIT apontam que redes de proteção social devem ser fortalecidas para evitar crises futuras

Dois estudos divulgados na semana passada pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) apontam, no contexto da pandemia do coronavírus, a necessidade de fortalecimento das redes de proteção social dos países para que novas crises econômicas sejam amenizadas ou evitadas.

Um dos estudos analisa o funcionamento dos programas e ações de proteção social à pandemia nos países em desenvolvimento (“Social protection responses to the COVID-19 pandemic in developing countries”, no original). O documento trata a proteção social como “um mecanismo indispensável para fornecer apoio às pessoas durante a crise”. A pesquisa constatou que 58 países estenderam a cobertura de programas sociais e 121 introduziram novos benefícios para populações e grupos vulneráveis. Experiências de China, Índia, Brasil, África do Sul, Argentina, Indonésia, Marrocos, Jamaica, Equador, Filipinas, Cabo Verde, Costa Rica, Ruanda, Uzbequistão, Vietnã, Iraque e de outras nações são citadas no documento de 14 páginas, disponível até o momento apenas em inglês.

Remoção de barreiras financeiras ao acesso à assistência médica, fortalecimento de mecanismos de renda de segurança e proteção a trabalhadores da economia informal são algumas das inúmeras intervenções estatais descritas no texto.

“Embora o vírus não discrimine entre ricos e pobres, seus impactos são extremamente desiguais ”, ressalta o documento, acrescentando que a capacidade de acessar serviços de saúde acessíveis e de qualidade se tornou “uma questão de vida ou morte”.

Auxílio-doença

O outro estudo aborda o tema da concessão do auxílio-doença durante licença médica e a quarentena (“Sickness benefits during sick leave and quarantine: Country responses and policy considerations in the context of COVID-19”, no original). O texto alerta para o fato de que lacunas na rede de proteção social podem forçar as pessoas a ir trabalhar quando estão doentes ou deveriam ficar em confinamento, aumentando o risco de infectar outras pessoas.

O documento defende a adoção urgente de medidas de curto prazo para preencher as lacunas na cobertura e na adequação de auxílio-doença, enfatizando que isso teria uma vantagem tripla: apoiar a saúde pública, prevenir a pobreza e promover direitos humanos relacionados à saúde e à seguridade social.

“A crise da COVID-19 é um alerta. Ela mostrou que a falta de proteção social não afeta apenas as pessoas mais pobres, também destaca a vulnerabilidade das pessoas em uma situação relativamente boa, pois o custo de cuidados médicos e a perda de renda podem facilmente destruir o fruto de décadas de trabalho e a economia de uma família ”, declarou Shahra Razavi, diretora do departamento Proteção Social da OIT.

Mais detalhes:

https://www.ilo.org/brasilia/noticias/WCMS_744774/lang–pt/index.htm

Confira os dois estudos:

“Social protection responses to the COVID-19 pandemic in developing countries”

“Sickness benefits during sick leave and quarantine: Country responses and policy considerations in the context of COVID-19”

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