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O assassinato do adolescente João Pedro Mattos Pinto, 14 anos, morto por disparos de policiais durante operação em São Gonçalo, no Rio de Janeiro, reacendeu o debate sobre o processo social apontado como um genocídio da população negra.
Entidades e pesquisadores dos temas de racismo, segurança pública e desigualdade social, entre outros, além de parlamentares e personalidades de todas as áreas se manifestaram sobre isso após a morte de João Pedro, que foi baleado em casa, em meio à uma ação conjunta das Polícias Federal e Civil no Complexo do Salgueiro, na noite da segunda-feira (18).
O Mapa da Violência de 2016 mostra que 42.291 pessoas foram vítimas de homicídio no Brasil em 2014. Destas, 70,5% são negras (considerando pretos e pardos). Do total de assassinatos, 59,7% foram de jovens entre 15 e 29 anos. Diante desses números, ganhou muita força nas redes sociais, na repercussão do caso João Pedro, o dado de que um jovem negro é morto no Brasil a cada 23 minutos em média.
“A cada 23 minutos mais uma mãe preta chora”, disse a cantora e compositora Bia Ferreira, em vídeo publicado no Twitter.
#joaopedropresente #iagopresente pic.twitter.com/2bU6ciwvJW
— Bia Ferreira (@iglesbiteriana) May 19, 2020
“O mundo normal impõe a morte violenta a milhares de jovens negros, 1 a cada 23 minutos”, publicou Douglas Belchior, professor de História e ativista do movimento negro.
Esse menino lindo é João Pedro. Parece meu filho Fidel😢 Ontem, dia 18, levou um tiro na barriga dentro de casa, em Praia da Luz, São Gonçalo RJ, numa operação policial. Foi levado sem autorização da família e sem acompanhante em helicóptero pela polícia.#procurasejoaopedro👇
— Douglas Belchior (@negrobelchior) May 19, 2020
O termo “23 minutos” ficou entre os assuntos mais comentados do Twitter no Brasil na terça-feira (19), além de vários outros relacionados a protestos pela morte de João Pedro.
Ao longo da última década, esse tema já foi objeto de várias comissões parlamentares de inquérito no Congresso Nacional, mas a letalidade policial, que vitima especialmente negros e pobres, não para de crescer no Brasil. Só no estado do Rio de Janeiro, 1.810 pessoas foram mortas em ações policiais no ano de 2020, uma média de cinco por dia ou uma a cada 5 horas.
Nesse contexto, a Fenajud vai realizar na próxima semana – em data e horário a definir – um debate virtual sobre o genocídio da população negra. Os detalhes serão divulgados nos próximos dias. Aguarde.
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