Os governos da Argentina, do Paraguai e do Uruguai estão preocupados com a explosão do número de casos do coronavírus no Brasil. Os três países conseguiram frear a transmissão do vírus e o temor das autoridades é a possibilidade de aumento do contágio nas regiões de fronteira ou através do intercâmbio comercial com o vizinho governado por um presidente que é o principal negacionista da gravidade da pandemia no mundo.
Até o dia 13 de maio a Argentina tinha registrado 6.563 casos e 319 mortes. No Uruguai foram 711 casos e 19 mortes, enquanto no Paraguai os números foram de 737 casos e 10 mortes.
“Risco muito grande”
“Os que (deram prioridade à atividade econômica) acabaram juntando mortos em caminhões frigoríficos e enterrando [corpos]em fossas comuns”, disse o presidente da Argentina, Alberto Fernández, em entrevista à rádio “Con Vos” na semana passada.
Fernández também manifestou preocupação com a entrada de produtos brasileiros. “É um risco muito grande. Estão entrando em caminhões do Brasil com transporte de cargas de São Paulo, que é um dos lugares mais infectados”, observou o mandatário argentino.
A Argentina entrou em regime de lockdown, chamado de Isolamento Social Preventivo e Obrigatório, no dia 20 de março. A partir da segunda quinzena de abril, nas províncias com baixa incidência do vírus, diversos tipos de serviço têm sido autorizados a voltar a funcionar, sob estritas regras de controle e com fiscalização das autoridades locais. Apenas na capital Buenos Aires, com 2.286 casos e 101 falecimentos, e na província de Buenos Aires, com 2.236 casos e 129 mortes, a situação é preocupante. No restante do país, a curva de transmissão foi achatada.
Reforço de controle na fronteira
O presidente do Uruguai, Luis Alberto Lacalle Pou, determinou o reforço da fiscalização sanitária nas fronteiras com o Brasil. Muitos trabalhadores trabalham na agricultura de ambos os países e isso tem preocupado as autoridades uruguaias.
Em Santana do Livramento, cidade gaúcha que faz fronteira com o Uruguai, havia 19 casos de covid-19 registrados até a semana passada, enquanto em Rivera, do lado uruguaio, não existia um único caso confirmado.
De acordo com o jornal O Tempo, na Ponte da Concórdia, que liga as cidades de Artigas (Uruguai) e Quaraí (Brasil), foi instalado um sistema de desinfecção para os transeuntes desinfetarem os calçados. Além disso, está sendo feita também o monitoramento da temperatura corporal com termômetros infravermelhos.
“Grande ameaça”
Já o presidente do Paraguai, Mario Abdo Benítez, disse que o Brasil representa “uma grande ameaça” ao seu país. “Com o que vive hoje o Brasil, não nos passa pela cabeça abrir a nossa fronteira. Brasil talvez seja hoje o lugar com a expansão mais rápida do coronavírus no mundo e essa é uma grande ameaça para o nosso país”, declarou. Brasil e Paraguai compartilham 700 quilômetros de fronteira.