Novembro Azul: o preconceito mata. Não seja mais uma vítima.

Campanha nacional da Fenajud visa orientar a população masculina sobre a importância de se ter cuidados com a saúde. Doença é a que mais mata o sexo masculino no país, aponta INCA. Especialista afirma em entrevista que o preconceito atrapalha na detecção precoce. Material será disponibilizado em todas as regiões.

O mês de novembro é um mês de alerta para os homens. Pois, neste período as campanhas de saúde em torno do câncer de próstata são intensificadas. E, pelo segundo ano consecutivo, a Fenajud (Federação Nacional dos Trabalhadores do Judiciário nos Estados), em parceria com os sindicatos filiados, preocupados com sua base, aderiu ao movimento nacional e decidiu falar abertamente sobre o assunto. O intuito é mostrar como a falta de prevenção precoce pode afetar milhares de homens.

Para conhecer o problema e entender quais as dificuldades encontradas pelo sexo masculino para realizar o exame preventivo, a Federação ouviu um dos maiores profissionais do ramo no país, Dr. Wilson Busato, urologista e membro da Sociedade Brasileira de Urologia.

A Fenajud desenvolveu uma campanha especial para esta data, baseada nos tabus que rondam o comportamento masculino, o slogan da campanha deste ano é: “Novembro Azul: preconceito mata. Não seja mais uma vítima.” A ideia é tornar os homens mais conscientes e alertar para alguns preconceitos que podem colocar em risco suas vidas.

Para o Dr. Wilson Busato o preconceito é o que mais atrapalha na detecção precoce. “O preconceito atrapalha muito e contribui com o aumento da mortalidade pelo câncer de próstata. É multifatorial: cultural (mito do supermacho latino), as piadas sobre o exame de toque, falta de urologista na rede de atenção básica de saúde no país, falta no trabalho (agendar consulta, consultar, fazer os exames e retornar), postos de saúde com o foco materno-infantil, etc. Mas sem dúvida o ponto mais importante é a desinformação. As políticas de saúda da mulher já tem mais de 4 décadas. Todos nós crescemos absorvendo propaganda de atrizes e celebridades femininas sobre a prevenção do câncer de mama. Mas nada disso ocorre na saúde masculina. Com a desinformação vem o desinteresse e as piadinhas com o tema e, principalmente, abre espaço para informações absolutamente equivocadas nas redes sociais”.

O especialista alerta ainda para a importância de campanhas de informação e conscientização como esta realizada pela Fenajud. “É necessário que haja campanhas pela mídia convencional e não convencional, além das redes sociais para desmistificar o exame da próstata. Antes do início do uso do exame de sangue (PSA) 75% dos pacientes morriam pelo câncer de próstata ou por complicações decorrentes do tratamento da doença avançada. Com o diagnóstico precoce, se reduz em 40% a chance de haver metástase e de 50% de mortalidade, segundo o mais longo estudo sobre o tema (Götemborg). Diagnóstico em fase inicial nos permite curar a doença, enquanto o diagnóstico de doença metastática apenas o controle com tratamento hormonais e quimioterápicos com grandes riscos e complicações”.

Perguntado sobre os sintomas, o médico aponta que “infelizmente o câncer de próstata só dá sintomas quando a doença já se espalhou e sem chances de cura. A doença avançada pode matar ou trazer enormes prejuízos ao paciente, sem contar um custo absurdamente elevado ao SUS, pois muitas vezes os tratamentos duram mais de 10 a 15 anos”.

Um recado importante a toda sociedade é que “O homem deve ver o urologista como seu médico, desde a adolescência. Alguém que pode orienta-lo, não só na saúde da próstata, mas também com relação a riscos de outras doenças como hipertensão arterial, cardiopatia, diabete, etc. Essa medida pode reduzir drasticamente o risco de várias doenças e garantir uma velhice sadia e duradoura”, disse Busato.

Dados

De acordo com dados do INCA (Instituto Nacional de Câncer), a doença é o segundo tipo de câncer mais comum entre os homens brasileiros. Estima-se que serão mais de 68 mil novos casos da doença a cada ano. E as maiores vítimas são homens a partir dos 50 anos, além de pessoas com presença da doença em parentes de primeiro grau, como pai, irmão ou filho.

O que é a próstata

É uma glândula do sistema reprodutor masculino, que pesa cerca de 20 gramas, e se assemelha a uma castanha. Ela localiza-se abaixo da bexiga e sua principal função, juntamente com as vesículas seminais, é produzir o esperma.

Sintomas

Na fase inicial, o câncer de próstata não apresenta sintomas e quando alguns sinais começam a aparecer, cerca de 95% dos tumores já estão em fase avançada, dificultando a cura. Na fase avançada, os sintomas são:

• dor óssea;
• dores ao urinar;
• vontade de urinar com frequência;
• presença de sangue na urina e/ou no sêmen.

Fatores de risco

• histórico familiar de câncer de próstata: pai, irmão e tio;
• raça: homens negros sofrem maior incidência deste tipo de câncer;
• obesidade.

Prevenção e tratamento

A única forma de garantir a cura do câncer de próstata é o diagnóstico precoce. Mesmo na ausência de sintomas, homens a partir dos 45 anos com fatores de risco, ou 50 anos sem estes fatores, devem ir ao urologista para conversar sobre o exame de toque retal, que permite ao médico avaliar alterações da glândula, como endurecimento e presença de nódulos suspeitos, e sobre o exame de sangue PSA (antígeno prostático específico).

Cerca de 20% dos pacientes com câncer de próstata são diagnosticados somente pela alteração no toque retal. Outros exames poderão ser solicitados se houver suspeita de câncer de próstata, como as biópsias, que retiram fragmentos da próstata para análise, guiadas pelo ultrassom transretal.

A indicação da melhor forma de tratamento vai depender de vários aspectos, como estado de saúde atual, estadiamento da doença e expectativa de vida. Em casos de tumores de baixa agressividade há a opção da vigilância ativa, na qual periodicamente se faz um monitoramento da evolução da doença intervindo se houver progressão da mesma.

Novembro Azul

É um movimento mundial que acontece durante o mês de novembro para reforçar a importância da prevenção e do diagnóstico precoce do câncer de próstata.

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