Primeira roda de conversa do Coletivo de Negras e Negros reúne participantes de todas as regiões

Atividade ocorreu por meio de videoconferência e contou a presença de servidores e servidoras da justiça estadual de diferentes estados.

Há 5 meses a Fenajud – Federação Nacional dos Trabalhadores do Judiciário nos Estados instalou efetivamente o seu Coletivo de Negras e Negros, que tem como objetivo atuar na promoção da igualdade racial, organizando ações antirracistas dentro e fora do Judiciário brasileiro. E nesta sexta-feira, 19 de março, aconteceu a 1ª Roda de Conversa, sob a condução de Silvia Vasconcellos, da base do Sindjus-RS, com a participação de dois Professores Doutores, extremamente gabaritados, da UFT, George França e Tedson Souza. A atividade é parte do calendário de ações previstas pelo Movimento e ocorreu por meio de videoconferência.

O encontro, que durou quase 3h, foi um espaço aberto para o diálogo, onde todos os participantes puderam contribuir com o debate, citando vivências e experiências próprias. Entre os temas, falaram sobre colorismo, cotas raciais, heteroidentificação e as dificuldades enfrentadas pelo povo negro.

O Professor Doutor Tedson Souza, membro da Universidade Federal do Tocantins, falou sobre o “pacto da branquitude” e como esse pacto firmado, demarca a teoria do branqueamento, como se fosse o ideal de uma sociedade. Ele citou o discurso meritocrático que privilegia pessoas brancas no mercado de trabalho e apresentou dois vídeos que tratam sobre isso (assista aqui). “A questão da tonalidade da pele é observada no lugar onde você está. O colorismo e essa categorização pela cor da pele, bem presente no Brasil, faz parte de um instrumento dessa branquitude que está acostumada a dividir para governar.”

Já o Professor Doutor George França, que também atua na Universidade tocantinses, citou como o racismo acontece na sociedade brasileira, ancorada sobre o preconceito, ações e falas. Em sua fala, George, potencializou o debate sobre o colorismo. “A gente enfrenta o racismo diariamente, enfrentamos essas questões com mais frequência e as vezes nem se dá conta disso. Elas ocorrem em todos os lugares do Brasil. A gente vive situações muito parecidas. A estrutura do racismo na sociedade, é uma estrutura impregnada. Ele vai se melhorando, vai criando outras nuances para nos dispersar dos nossos objetivos.”

Alexandre Santos, coordenador-geral da Federação, diz que “a iniciativa [realização da Roda de Conversa] é muito importante. A discussão trouxe elementos fundamentais para compreendermos o “pacto da branquitude” e como ele tenta burlar os mecanismos antirracistas de inclusão e reparação, como as cotas em concursos do Judiciário”.

Janivaldo Nunes, coordenador-geral da Fenajud, avalia o Encontro como uma oportunidade única. “Penso que é de suma importância a apropriação de suas próprias histórias por parte dos pretos e pretas do coletivo na medida em que o letramento racial revela fatos e direciona a luta para o rumo certo. O saber precisa ter o condão da transformação real e efetiva na luta antirracista. Espero que tenhamos mais espaço de formação e que ele seja ampliado e compartilhado por todos. É sempre para definir estratégias e metas na luta antirracista e o espaço de formação como foi o de hoje serve para munir todos e todas nessa direção”.

REUNIÃO PRESENCIAL

O Coletivo de Negras e Negros da FENAJUD promoverá uma próxima reunião, presencial, no Rio de Janeiro. A atividade se dará no dia 06 de junho, às 13h, antes da abertura do Congresso da FENAJUD. O Encontro do grupo acontece após deliberação na reunião ocorrida no dia 22 de março, por videoconferência.

DEMANDAS DO COLETIVO

Entre as demandas do Coletivo estão: a criação de estratégias de fiscalização para impedir a diferença de tratamento entre os servidores quanto ao acesso às carreiras, a progressões, promoções ou funções gratificadas; através da Fenajud, também vai atuar junto ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ) para que os tribunais estaduais sejam obrigados a colocar em funcionamento as comissões de equidade racial, e para agir de forma conjunta pelo cumprimento das cotas raciais nos tribunais; assim como a implementação do Pacto Nacional pela Equidade Racial delineado pelo CNJ; ações antirracistas nos tribunais e movimento sindical, entre outras.

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