GT de trabalho remoto reacende debate sobre precarização do trabalho e “uberização” com sindicatos filiados

A Federação Nacional dos Trabalhadores do Judiciário nos Estados – FENAJUD realizou, na sexta-feira, 14 de abril, sua terceira reunião do “GT FENAJUD Tecnologia, Trabalho não Presencial e Saúde”. Desta vez a atividade contou com a presença de dois nomes importantes que discorreram sobre a precarização do trabalho dentro da “Uberização e o modelo neoliberal na Gestão dos Serviços Públicos”: Ludmila Costhek Abílio, socióloga e pesquisadora do Instituto de Estudos Avançados do Programa Eixos Temáticos da USP; e Paulo Galo, líder do movimento Entregadores Antifascistas.

Durante a reunião, que contou com a participação de sindicatos de diferentes estados, a coordenadora de Saúde e Previdência da Fenajud, Carolina Rodrigues, conduziu os trabalhos, onde os painelistas detalharam a situação das Leis trabalhistas no país e os problemas acarretados pela precarização do trabalho informal, como no caso dos entregadores por aplicativo.

A socióloga apontou as fragilidades no sistema ofertado por demanda, sem garantias e direitos e os elementos da chamada “uberização” e falou ainda como isso é inserido no teletrabalho dentro das unidades de Justiça. Para ela, “estamos vendo que o grande lance da uberização é uma constituição racionalizada, com meios muito eficientes, centralizada, da gestão de centenas de milhares de trabalhadores sob demanda. Uma multidão que vive como trabalhadores informais e gerenciam isso de forma muito eficiente. As novas tecnologias possibilitam isso. Estado e empresa não podem mais garantir as condições mínimas da sua sobrevivência. Estados e empresa te veem como força de trabalho. E tudo isso ocorre junto ao processo de informalização, estão atravessando o mundo do trabalho como um todo”, pontua.

Galo, por sua vez, falou sobre a luta dos entregadores por mais direitos e melhores condições de trabalho, além da “uberização” que tem crescido no país. Ele citou que a mobilização não é fácil, principalmente entre os mais jovens, que não se atentam para os direitos que são renegados, como o direito à carteira de trabalho. Galo cita que “O processo de desinformação que vivemos é enorme. Explicar o antifascismo é tarefa árdua. Os trabalhadores não confiam nos sindicatos e tem o fato de muitos estarem se achando empreendedores. No dia a dia tento mostrar que a luta e a greve são instrumentos que temos para garantir nossos direitos. Muitos já largaram essa ideia de que são empreendedores. Somos trabalhadores e temos que lutar”, pontuou.

O GT

O GT FENAJUD Tecnologia, Trabalho não Presencial e Saúde foi criado após deliberação do Conselho de Representantes da Federação, em janeiro deste ano, visando instituir um amplo espaço para debater pautas decorrentes do trabalho não presencial no serviço público, e assim, construir propostas conjuntas da categoria para garantir melhores condições de trabalho para servidoras e servidores e expandir a qualidade no serviço prestado à população.

Encontros

Todos os meses o GT se reunirá para debater um tema ligado às condições de saúde, de trabalho e o papel do serviço público e das entidades representativas na construção de novas políticas de valorização dos trabalhadores. Ao final, o GT elaborará um relatório com os principais encaminhamentos e sugestões sugeridas durante os encontros. A próxima reunião vai acontecer no dia 12 de maio e vai debater a “Desregulamentação das jornadas de trabalho “.

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