Marcha Nacional das Mulheres Indígenas mostra força e resistência dos povos originários

Coordenadores da Fenajud participam da atividade e ressaltam importância dessas etnias para a construção de um país mais igualitário.

Após um clima de tensão, com a presença de bolsonaristas na área central de Brasília que motivou o cancelamento do protesto indígena na 2ª Marcha Nacional das Mulheres Indígenas, a atividade enfim aconteceu nesta sexta-feira (10). A mobilização está no 4º dia e segue até este sábado (11), com o tema Mulheres originárias: Reflorestando mentes para a cura da Terra. Cerca de 4 mil mulheres, de mais de 150 povos de todos os biomas do Brasil, participam do evento. A Fenajud (Federação Nacional dos Trabalhadores do Judiciário nos Estados) participou da Marcha, por meio dos coordenadores de Formação e Regional Sul, Anne Marque e Emanuel Dall’Bello, respectivamente.

Sem a marcha nas ruas, o grupo realizou atividades e debates entre as mais de 4 mil pessoas de 172 povos presentes no acampamento. O grupo acompanhou também a votação do Marco Temporal, pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

De acordo com o Manifesto divulgado pelos organizadores da Marcha, o Ato acontece com o intuito de chamar atenção do governo e da sociedade para os problemas que atingem os povos originários. “Nós, mulheres indígenas, lutamos pela demarcação das terras indígenas, contra a liberação da mineração e do arrendamento dos nossos territórios, contra a tentativa de flexibilizar o licenciamento ambiental, contra o financiamento do armamento no campo. Enfrentamos o desmonte das políticas indigenista e ambiental”, aponta um trecho do documento.

Para Anne Marques, “A participação da Fenajud nos movimentos sociais é um marco fundamental para aproximação da entidade nessas lutas. E poder vivenciar e compartilhar a força da mulher indígena é algo indescritível. É algo que nos motiva, nos inspira a continuar na caminhada na luta pelos direitos”.

Emanuel avaliou o Ato como uma potência de organização e luta. “Os povos originários deram exemplo de mobilização na capital federal. Estão em Brasília efetivamente há cerca de um mês, com grupos de diversas etnias de sul a norte, conseguindo convergir pelos seus territórios e direitos históricos. A Marcha foi um movimento muito forte, potencializado pelos cantos e rituais de luta desses povos. Infelizmente não foi possível a manifestação na Espanada dos Ministérios, em razão de ainda haver ameaças de violência por parte de grupos bolsonaristas. Mas a atividade foi importante, forte e um exemplo a ser seguido. Ainda temos muito que aprender com nossos originários.”

O evento é promovido pela Articulação Nacional das Mulheres Indígenas Guerreiras da Ancestralidade (Anmiga) e as atividades se concentram no espaço da Fundação Nacional de Artes (Funarte), na área central da capital federal. Estão previstas audiências, ações culturais e grupos de trabalho.

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