Com manifestações cada vez maiores em vários países, em repúdio ao assassinato de George Floyd pela polícia de Minneapolis, no dia 25 de maio, pessoas em todo o mundo estão mandando uma mensagem contundente: a luta contra o racismo e a violência policial é mais forte do que o medo de contaminação pelo coronavírus.
Além da capital do estado de Minnesota, onde o homem negro de 46 anos foi morto por asfixia pelo policial branco Derek Chauvin, milhares de pessoas em dezenas de cidades nos Estados Unidos foram às ruas protestar contra um crime de cunho racista que revoltou o planeta.
Em Washington, devido aos protestos, a Casa Branca teve a iluminação apagada e o pessoal evacuado, inclusive com o presidente Donald Trump sendo levado a um bunker subterrâneo.
Em Los Angeles, marchas multitudinárias e confrontos com policiais lembraram a onda de violência desencadeada como reação à absolvição, em abril de 1992, dos policiais que espancaram brutalmente – em episódio registrado em vídeo e divulgado na televisão um ano antes – o operário negro Rodney King. Foi declarado “Estado de emergência” na maior metrópole da Califórnia.
Em Atlanta, Chicago, Denver, Detroit, Louisville, Miami, Milwaukee, Nova York, Filadélfia, Portland, São Francisco e Seattle, entre outras grandes cidades, também ocorreram fortes mobilizações. Em algumas destas, houve conflitos e violência.
Mundo
Em Sidnei, Austrália, aborígenes que são cotidianamente discriminados e violentados pela população branca se manifestaram e receberam apoio de uma enorme multidão solidária à luta contra o preconceito racial.
Na Alemanha, ocorreram grandes marchas em Berlim e outras cidades.
Apesar das medidas de isolamento social por conta da pandemia do coronavírus, Paris e Londres tiveram alguns dos espaços públicos, tradicionalmente ocupados por turistas, tomados por dezenas de milhares de pessoas com cartazes em homenagem a George Floyd.
Em Bristol, sudoeste da Inglaterra, uma imagem emblemática chamou a atenção do mundo. A estátua de Edward Colston, ex-membro do Parlamento e um dos maiores traficantes de escravos dos séculos XVII e XVIII, foi arrancada e jogada no rio Avon. Foi deste rio que saíram alguns dos navios negreiros que comercializaram cerca de 80 mil escravos para Colston, 20 mil dos quais morreram durante as viagens em condições precárias.
No Rio de Janeiro, moradores de favelas desceram o morro para denunciar os abusos que há décadas sofrem diariamente em ações policiais, que só em 2019 mataram 1.810 pessoas. Uma das vítimas mais recentes foi o adolescente João Pedro Pinto, 14 anos, que levou um tiro de fuzil quando estava dentro de casa, durante operação policial em São Gonçalo, no Rio de Janeiro, no dia 18 de maio. O fim da polícia militar é uma das principais reivindicações da população e das entidades do movimento negro no Brasil.
Na Cidade do México, manifestantes também atacaram a Embaixada dos Estados Unidos, símbolo maior da política de imigração ultrarracista de Donald Trump.
Assista ao vídeo da TV pública alemã Deutsche Welle com cenas dos protestos ao redor do mundo: