Na manhã deste domingo (25) o coordenador de formação sindical da Fenajud (Federação Nacional dos Trabalhadores do Judiciário nos Estados), Bernardino Fonseca, deu uma palestra sobre a atual conjuntura política do Brasil, durante a qual afirmou que “os juízes são reprodutores da classe dominante”. O coordenador fez a exposição de encerramento do Encontro de Delegados do SINTAJ, que ocorreu nestes sábado e domingo.
De acordo com o raciocínio de Fonseca, os que detêm o verdadeiro poder e compõem a real elite do Brasil são os donos do capital, ou seja, aqueles que não dependem da sua força de trabalho para sobreviver – rentistas e donos dos meios de produção – e os magistrados, apesar de não fazerem parte desse estrato social, incorporam ao máximo a sua ideologia, pois almejam entrar para o grupo. “Os juízes são os exemplares da classe média. Vivem com a elite e têm que se esforçar para ser igual a ela”, explicou o coordenador.
Deixando claro que estava falando dos juízes enquanto grupo social representante da classe média brasileira e não de indivíduos específicos, o palestrante, que abordou o tema “O Judiciário na atual conjuntura”, fez uma análise completa do papel do Poder na correlação de forças da política brasileira.
O sindicalista realizou um apanhado histórico dos fatos que culminaram na atual situação de retirada de direitos que o Brasil vive hoje. Correlacionando interesses internacionais com os do capital financeiro e questões culturais do país e usando como ponto de partida a luta de classes traçou uma linha do tempo em que explicou como a junção desses fatores culminou no que chamou de “golpe jurídico, midiático e parlamentar” contra os trabalhadores. “O Judiciário é a coluna que sustenta a sociedade desigual”, sentenciou.
Antes de iniciar sua fala, o sindicalista pediu para que os delegados presentes se apresentassem e dissessem algo que pensavam sobre a conjuntura política atual e, ao longo de sua palestra, fez perguntas provocativas para os trabalhadores.
Ao final, os servidores foram divididos em dois grupos. Cada um teria que elaborar uma análise de conjuntura. Um analisou o cenário local, ligado ao TJ-BA (Tribunal de Justiça da Bahia) e outro abordou a conjuntura nacional. Logo após, um membro de cada equipe apresentou o resultado.
“O que nós como classe trabalhadora podemos fazer para impedir que isso [uma maior retirada de direitos]aconteça? A gente já foi para rua várias vezes. A Reforma Previdenciária só não passou porque a eleição está perto. E em novembro quem ganhou já ganhou e quem perdeu não vai estar nem aí e eles reduzirão a classe trabalhadora a sua insignificância”, refletiu Álvaro Boaventura, representante do grupo que analisou a conjuntura nacional.
Já Nadja Cruz, que apresentou o resultado da equipe que ficou com o cenário local, focou na atual administração do TJ-BA e na necessidade de os servidores lutarem mais para não perderem direitos já garantidos, como o linear, por exemplo. “Nós sugerimos unificar [os sindicatos]. Porque aí nós mostraremos que nos entendemos como trabalhadores e que a gente é forte, sim. Unidos enquanto classe vamos cobrar nossos direitos”, discursou.
Os membros dos grupos que tiveram divergências e complementações a fazer nas apresentações principais também foram ouvidos.
Fonte: Sintaj