CARTA ABERTA – Militantes e simpatizantes da causa pela igualdade racial

A todas e todos os militantes e simpatizantes da causa pela igualdade racial neste país

Caras(os) companheiras(os);

Somos sabedores da importância da política na vida de qualquer pessoa, mas será que todas(os) têm consciência de que a política conduz a vida no que diz respeito a tudo? Muito tem se discutido sobre o papel da política na sociedade moderna. Contudo, cabe perguntar como a população, de modo geral, pode participar ativamente da administração pública, contribuindo assim para o aprimoramento da democracia.

Parece exagero, mas a política, por meio de Leis criadas por políticos, define até quem você terá direito de amar: caso da população LGBTQIA+ e mulheres muçulmanas, por exemplo. Definem se você terá mais ou menos chances de progredir financeiramente, seja por meio de projetos de inclusão a pessoas menos favorecidas ou pela falta deles. Seja por políticas direcionadas para um sistema mais capitalista ou socialista. O cidadão comum deve despertar para sua importância no quadro político e engajar-se na luta por melhorias coletivas.

Fato é que a política está em tudo na nossa vida, da hora que acordamos a hora que dormimos. Dito isso, gostaríamos de enfatizar que, segundo dados do IBGE, 56% da população brasileira é de negras e negros (pretas, pretos, pardas e pardos). Mas se formos analisar os espaços de poder, de decisões, de mando, estes são majoritariamente e historicamente dominados por pessoas brancas. Nas eleições de 2022, o Congresso Nacional restou com menos de 24% das(os) parlamentares negras e negros. Ora, se somos mais da metade da população, natural seria em um cenário de igualdade racial, que o Congresso, a casa que nos representa, que rege nossas vidas, fosse em sua composição, mais da metade dos parlamentares de pessoas negras. Pois precisamos, urgentemente, reverter esse cenário, pois só assim teremos voz e vez nesse país.

A verdade é só uma: falta representatividade de pessoas negras na política brasileira. Não há como esperar que alguém que nunca passou pelo que passamos, que nunca sofreu o que sofremos, nem nunca sofrerá ou passará por isso, possa verdadeiramente entender o que é racismo num país estruturalmente racista e o que tudo isso implica na vida de uma pessoa negra. Muitos, podem até ter boa intenção, mas nunca terão compreensão. Só uma mãe negra sabe o que é ficar com o coração na mão, aguardando o seu filho retornar do serviço ou da escola à noite. Só uma pessoa negra pensa se deve ou não pegar o telefone de dentro da bolsa para atender, quando se encontra em uma loja, sem que a segurança pense em gesto suspeito.

É incontroverso que a política exerce papel crucial em nossas vidas. É incontroverso que o Brasil é o país com maior população negra, depois da África, chegando a incrível marca de 56% da população. É incontroverso também que a representatividade desse mesmo povo é ínfima no que diz respeito a espaços de poder e mando. Um dado bastante vergonhoso é o fato de que 70% da população carcerária no Brasil é de negros. A população que mais morre, pela polícia, é de jovens negros. Se todos esses dados não forem o suficiente para acordarmos para uma reação urgente, não sabemos mais o que será!

O voto é a arma do cidadão para a busca de soluções de suas carências. Urge que se faça uma mudança na composição daqueles que regem nossas vidas e nosso país! Há que se colocar nas Câmaras, Assembleias e Senado pessoas que VERDADEIRAMENTE nos representem. Pessoas com consciência política e social, comprometidas com os direitos humanos. Pessoas que sofrem e sofreram na pele a discriminação, o preconceito, a indiferença. Pessoas que pensam pelo coletivo. Que lutem pelos oprimidos. Pois que terão experiência própria. É preciso que mais da metade da população se enxergue nos seus governantes, pois só assim teremos justiça social. Só assim seremos uma DEMOCRACIA.

Escrevemos essa Carta Aberta e convidamos a todas/os a nos mobilizarmos pelas(os) nossas(os) candidatas(os) negras e negros, com capacidade e qualificação, para serem de fato os nossas(os) representantes. Queremos e podemos mudar esse país! A hora é agora! Somos mais da metade das(os) brasileiras(os). A política deve servir de instrumento de valorização da cidadania, de ações afirmativas. Vamos fazer valer nossa força, nossa capacidade de resiliência e sim, nossa inteligência! A participação de homens e mulheres negros e negras na política importa.

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