Evento ocorreu após o II Encontro de Mulheres da Federação, e reuniu dirigentes dos três estados da região.
A Federação Nacional dos Trabalhadores do Judiciário nos Estados (Fenajud) promoveu no último dia 2 de outubro o Encontro Regional Sul, em Florianópolis. O evento ocorreu após o II Encontro de Mulheres da Fenajud e foi realizado na sede do Sinjusc.
Diretoras e diretores do Sindjus-RS, Sindijus-PR e Sinjusc debateram, em rodas de conversa, a implementação de novas tecnologias e os impactos na organização administrativa dos tribunais e na sistemática precarização das relações e condições de trabalho.
Um dos temas apresentados na abertura do evento, pelo Coordenador da Regional Sul Emanuel Dall’Bello, foi como o processo de criação de unidades judiciárias virtuais e unificadas estão transformando a estrutura do judiciário gaúcho. Uma das principais estruturas, denominada Multicom, rompeu as barreiras da territorialidade no cumprimento e atuação nos processos, e permitiu, por meio da utilização do sistema E-Proc, que dezenas de servidores lotados nessas estruturas cumpram processos de qualquer comarca do estado. Para o dirigente, existem pontos positivos e negativos atrelados a esse processo, mas o que mais preocupa, é a questão das metas muito elevadas e do desrespeito à jornada de trabalho de 7h.
O coordenador de Formação Sindical da Fenajud, Neto Puerta, seguiu a mesma linha de debate. Ele apresentou informações de que a precarização do trabalho se promove sob a justificativa de que a tecnologia vai “dar conta de todo o trabalho”, o que levanta também um debate sobre a obsolescência das trabalhadoras e trabalhadores no futuro. A promessa de tempo livre, melhoria das condições de trabalho e, consequentemente, de vida, acaba por não se cumprir.
Já os dirigentes sindicais do Paraná apresentaram informações sobre as mudanças locais e também um projeto desenvolvido pelo Sindicato, denominado “Engrenagem”, que traria uma maior possibilidade de movimentação dos servidores entre comarcas por meio da utilização dos sistemas atualmente disponíveis, apesar das comarcas deficitárias. Contudo, de acordo com a Coordenadora-geral da Fenajud e dirigente local no estado, Arlete Rogoginski, o projeto não tem avançado junto ao TJPR, “o diálogo existe, o que não tem é o compromisso da administração do tribunal de resolver o problema das relotações, investindo em um sistema de inteligência para auxiliar o processo”.
Na avaliação do Coordenador Regional Sul, Emanuel Dall’Bello, o evento “foi uma excelente oportunidade de olharmos conjuntamente para como os tribunais estão se movimentando para assimilar as novas tecnologias e adaptar suas estruturas administrativas, o que geralmente tem ocorrido sem a participação e o olhar das trabalhadoras e trabalhadores do sistema de justiça, que já estão sentindo os impactos desse período disruptivo na sua saúde física e mental”, finalizou.