O Encontro ocorreu em Natal, RN, e contou com a presença de diversos jornalistas, designers e publicitários.
A Federação Nacional dos Trabalhadores do Judiciário nos Estados (Fenajud) promoveu o XI Encontro de Comunicação da entidade, no último sábado, 16, em Natal, Rio Grande do Norte. O encontro teve como tema central a Comunicação Antirracista e como tornar o jornalismo sindical mais plural, inclusivo e diverso.
O evento contou com diversos jornalistas, publicitários e designers dos sindicatos filiados à Fenajud, além de dirigentes sindicais. O coordenador de Comunicação da Federação, Cleyson Francisco, esteve à frente do Encontro. Ele destacou que o tema é fundamental para todos os que querem fortalecer a luta sindical. “Ainda hoje, dentro dos sindicatos, tem gente que vê a comunicação como propaganda para diretorias, e sabemos que a comunicação é muito mais do que isso, é a transmissão de ideias é falar com nossos filiados. É esse tipo de atuação que a Fenajud vem fazendo. Estamos aqui para discutir a sociedade, sindicalismo e promover o debate de ideias”.
A primeira mesa, intitulada “Desafios para uma comunicação antirracista – Vivências dos profissionais de comunicação pretas e pretos”, contou com a presença do publicitário Caique Oliveira (BA), e dos jornalistas Daiana Sacramento (BA), Yuri Nery (PE), Andressa Oliveira (DF).
A primeira fala, feita por Daiana Sacramento destacou que “o racismo é um assunto que massacra o povo preto. Ainda hoje estamos nas ruas, sem ter onde morar, sem trabalho, sem qualquer amparo, e sem uma política que proporcione as mesmas oportunidades. Sou de uma família de homens e mulheres negras, e vivi sempre com minha mãe conversando com a gente sobre como se portar, como se vestir, e isso a todos os momentos, até em momento que parecem muito simples para pessoas brancas. O Brasil sempre inviabilizou a participação dos pretos, o racismo é uma realidade na vivência de todos nós”, destacou.
Yuri Nery, jornalista no SindjudPE, iniciou sua fala confrontando sobre a importância do tema. “Por que esse encontro existe? Por que a gente está falando sobre Comunicação Antirracista? Existe porque o racismo é real e nós o conhecemos. Reconhecer que o racismo existe e que afeta pessoas negras é o primeiro passo para termos instrumentos para combater. Se não tivéssemos profissionais pretos aqui, encontros como esses não existiriam”, salientou.
Já Caíque Oliveira destacou como a atuação dos profissionais de comunicação é uma poderosa ferramenta contra o racismo e para tornar a mídia mais plural. “A mídia quer uma pessoa negra que apenas concorde, que não tenha opinião e nem ideias. Essa mesa aqui, com comunicadores pretos, é um momento histórico para a Fenajud. É muito difícil ainda que as pessoas valorizem ideias e propostas que venham de profissionais pretos, por isso o nosso papel aqui é levar essa realidade e proporcionar uma reflexão de como cada um aqui vê e respeita a questão racial e a utiliza da forma correta em um texto ou em uma peça publicitária,” afirmou.
Por último, Andressa Oliveira destacou que a comunicação antirracista é muito mais do que apenas dar espaço para pessoas pretas, mas sim, deixar de associar a imagem do preto ao negativo. “Comunicação antirracista é você parar de usar imagens de pessoas brancas para uma pauta positiva e usar pessoas pretas para o que é negativo. Por que um preto correndo é sempre da polícia, mas um branco correndo é porque está atrasado? Ser antirracista é pensar nessas questões antes de aprovar uma campanha publicitária, antes de levar alguma ideia para a diretoria, é fazer um jornalismo correto”, finalizou.
Já na parte da tarde, o Encontro recebeu Kelly Quirino, doutora em Comunicação pela UNB e Mestre em Comunicação Midiática. Ela falou sobre trazer o debate antirracista para a pasta da comunicação e ser antirracista em todos os momentos. “O Brasil não superou ainda seu processo escravagista, e esse processo, ainda que de forma moderna, continua sendo vigente, pois, ser preto e preta neste país é passar por violências diárias. Isso ainda continua, e nós, profissionais da comunicação, temos a responsabilidade de fazer uma comunicação antirracista. Que bom que temos encontros como esses, para poder debater esse tema e levar esse conhecimento para quem ainda não pensou nesse lado da comunicação. Na responsabilidade que a comunicação tem de desfazer estereótipos e preconceitos”, afirmou a doutora. Para acessar a apresentação da doutora Kelly Quirino, CLIQUE AQUI.
Durante o encontro, os participantes puderam assistir ao documentário “Sociedade dos Grilhões – É preciso enegrecer a Justiça”, que aborda o racismo institucional, com ênfase para o olhar sobre o Poder Judiciário. O documentário foi produzido pelo Sindjus/RS, com direção do cineasta Thiago Köche, e pode ser acessado AQUI.
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