A atividade contou com o apoio da Fenajud e das mulheres do Coletivo Jurídico.
A sétima Marcha das Margaridas levou mais de 100 mil mulheres em passeata até o Congresso Nacional, nesta quarta-feira, 16. Com chapéus de palha e cantos de resistência, mulheres agricultoras, ribeirinhas, quilombolas, indígenas, entre outras, marcharam sob o lema “A Reconstrução do Brasil e pelo Bem Viver”. A Federação Nacional dos Trabalhadores do Judiciário nos Estados (Fenajud) esteve presente na Marcha, compondo a delegação do Coletivo Jurídico, com a Fenajufe e a Fenamp.
Organizada de quatro em quatro anos, a marcha homenageia a memória de Margarida Alves, paraibana, sindicalista e agricultora que foi assassinada em agosto de 1982 por lutar e defender os direitos e a liberdade das mulheres trabalhadoras do campo e da cidade.
Ao final dos seis quilômetros do percurso entre o Pavilhão de Exposições e o Congresso Nacional, as mulheres foram recebidas pelo presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que ao lado das ministras e dos ministros, respondeu a pauta de reivindicações das Margaridas e assinou oito decretos, entre eles, a retomada do Programa Nacional da Reforma Agrária, priorizando as mulheres no processo de seleção das famílias beneficiadas; a instituição da Comissão de Enfrentamento à Violência no Campo, do Programa Nacional de Cidadania e Bem Viver; e o Pacto Nacional de prevenção aos feminicídios.
Arlete Rogoginski, coordenadora-geral da Fenajud, destacou que essa edição da Marcha das Margaridas, pela reconstrução do Brasil, é um momento histórico. “Essa é a primeira Marcha das Margaridas após quatro anos de desmonte do Estado, de desmonte das políticas agrícolas e para as mulheres. Essa edição é muito significativa para todas nós, por ser após um período tão difícil e por ser a primeira grande mobilização popular do governo Lula. É emocionante estar aqui e poder apoiar e reforçar essa luta. Como disse Margarida Alves: da luta não fugiremos”, salientou.
Para a coordenadora de Gênero, Etnia e Geracional, Carolina Lobo, é necessário que as mulheres estejam presentes nos espaços de luta e decisão. “Todas nós viemos aqui, até o Congresso Nacional, para reforçar a luta pela soberania alimentar, pelo direito à liberdade. A Fenajud entende que devemos apoiar e participar de todos os movimentos sociais, pois, todos eles fortalecem a luta das mulheres, a luta do povo e de uma sociedade mais justa”.
Mulheres do Judiciário
Companheiras Caroline Gabriell, Cleonice Marinho, Hosana Torres, Thereza Xavier e Roberta Gonzaga, filiadas ao Sindicato dos Servidores do Poder Judiciário do Estado de Alagoas (Serjal), entidade que compõe a base da Fenajud, também estiveram reforçando o Coletivo Jurídico durante a Marcha.
Companheiras do Sindicato dos Servidores da Justiça do Estado do Rio Grande do Sul (SindjusRS), Janete Fabíola Togni, Márcia Ferro Amaro, Tássia Tolfo, Juliana Torrales, Rosane Bitencourt, Joseane Hans Bronizaki, Sabrina Carvalho e Roslene Perger.
Companheiras do Sindicato dos Servidores do Poder Judiciário do Estado de Santa Catarina (Sinjusc), Soraia Depin, Nedi de Vila Moreira, Valfrida de Oliveira, Ignez Busnello Durgante e Roslene Perger.
Primeiro diaNo primeiro dia da marcha, na terça-feira, 15, o Coletivo Jurídico, composto por sindicalistas da Fenajud, Fenajufe e Fenamp, construíram atividades unificadas com o objetivo de ampliar a participação das servidoras dos vários ramos da justiça, fortalecendo o protagonismo feminino dessas instituições.
Na parte da manhã, foram distribuídas cartilhas com orientações para que as mulheres do campo possam ter mais acesso à justiça e aos seus direitos. A cartilha foi elaborada pelas Federações. Já na parte da tarde, as integrantes do coletivo deram uma oficina de confecção de chapéus para que fossem usados durante a marcha.
Ao longo de todo o dia, as mulheres que estavam acampadas no Pavilhão de Exposições, puderam ter acesso a diversos serviços como vacinas, orientações médicas, oficinas, rodas de conversas, apresentações culturais e a mostra nacional de agricultura.
Decretos assinados por Lula
Ao todo, o presidente Lula assinou oito decretos em resposta às pautas reivindicadas pela Marcha das Margaridas, sendo esses:
1 – A instituição do Programa Quintais Produtivo para Mulheres Rurais, em promoção a segurança alimentar;
2 – A retomada da Reforma Agrária com atenção às famílias chefiadas por mulheres;
3 – A instituição de uma Comissão de Enfrentamento a Violência no Campo;
4 – A instauração de um Grupo de Trabalho Interministerial para o Plano Nacional Juventude e Sucessão Rural, que oferta serviços públicos para a população jovem da agricultura familiar, ampliando oportunidades de estudo, trabalho e renda para o grupo;
5 – O programa Nacional de Cidadania e Bem Viver para as Mulheres Rurais;
6 – Criação do Pacto Nacional de prevenção aos feminicídios;
7 – Retomada da Política Nacional para os Trabalhadores Rurais Empregados;
8 – E a retomada do Programa Bolsa Verde, que auxilia famílias de baixa renda em áreas ambientalmente protegidas.