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Evento reúne advogados, juristas e especialistas para debater o fortalecimento negro, o enfrentamento ao racismo e o papel do Poder Judiciário nessa luta.
A Federação Nacional dos Trabalhadores do Judiciário nos Estados (Fenajud) realiza nesta quinta-feira, 18, o I Encontro de Negras e Negros da entidade, em Salvador, Bahia. O objetivo do evento é aprofundar a discussão sobre as estratégias para o fortalecimento individual e coletivo das pessoas negras a partir do resgate de culturas, tecnologias sociais e espirituais africanas, visando criar ferramentas para superar o atual modelo de justiça racista e classista.
O coordenador-geral da entidade, Alexandre Santos, abriu o evento destacando a alegria de a Fenajud poder, depois de muitas lutas, realizar um encontro com esse tema. “Todos aqui estão fazendo história e isso para mim é motivo de grande alegria. Nós, negros no Brasil, temos história. A nossa história não começou em 1500, ela começou muito antes e com essas palavras eu queria trazer uma reflexão sobre a realidade do país, e de que forma a nossa sociedade foi organizada e concebida”, destacou.
Andrea Ferreira, primeira mulher negra coordenadora-geral do Sindicato dos Servidores do Poder do Judiciário do Estado do Paraná (Sindijus-PR), salientou que o evento é um momento para refletir e pensar sobre o sistema judiciário em que estamos inseridos. “Falando como servidores do Poder Judiciário, que tipo de Judiciário nós estamos inseridos, um ambiente racista, sexista, homofônico e que é um retrato também da nossa sociedade. Aqui nesse lugar precisamos destacar qual o nosso papel dentro desses tribunais e reconhecer essas lutas e a importância desse debate aqui”, declarou.
O coordenador Administrativo e Financeiro do Sindicato dos Servidores dos Serviços Auxiliares do Poder Judiciário do Estado da Bahia (Sintaj-BA), Luiz Cláudio, deu boas-vindas aos participantes e mencionou a alegria do evento ser em Salvador, percentualmente a capital mais negra do Brasil. “Quando estávamos organizando o Encontro Norte e Nordeste surgiu a ideia de fazer esse evento aqui, em Salvador, e a Fenajud topou na mesma hora, então é uma alegria fazer esse encontro aqui, um encontro que de cara está superando as expectativas. O Sintaj-BA está imensamente feliz em organizar isso tudo com a Fenajud”, salientou.
Para a coordenadora de Gênero, Etnia e Geracional, Carolina Lobo, “hoje nós esperamos que vocês reflitam e se permitam abrir o coração e a cabeça para novas filosofias, novas formas de continuar o trabalho, e que levem isso para o sindicato de vocês, cada um a seu modo, e que pensem de que forma vocês podem continuar esse trabalho que hoje iniciamos aqui. Que possamos nos comprometer com essa luta, que é uma luta de todos nós”, finalizou.
I Encontro de Negras e Negros
Data: 18/05/2023
9h00 PALESTRA INAUGURAL
“Sob o machado de Xangô: Uma proposta ético-jurídica a partir da Ancestralidade e Orixalidade africanas.”
CAMILA GARCEZ
Advogada, candomblecista, filha de Oxóssi, Mestre em Direito Público pela Ufba, professora, membra da Comissão especial de combate à intolerância religiosa da OAB-ba, Colunista da Coluna Olhares Interseccionais- Portal Migalhas.
SÉRGIO SÃO BERNARDO
Advogado, Professor da UNEB-Salvador, Doutor em Difusão do Conhecimento, Coordenador do Grupo de Pesquisa: Direito e Africanidades – Cepaia-Uneb e autor dos livros Xangô & Thémis – Estudos sobre Direito, Filosofia e Racismo e Direito e Filosofias Africanas
10h00 Início do debate
12h30 MESA 2
“Africanizar o cotidiano, construir pertencimento: a justiça começa na comunidade”
TAÍSA FERREIRA
Africana nascida em diáspora, professora, doutoranda em Educação, idealizadora do “Mawakana Experiências Educativas Afrocêntricas”. Se dedica a pesquisa sobre Educação e Afrocentricidade, Experiências Pedagógicas Afrocêntricas.
ULISSES PASSOS
Advogado Especialista em Direito do Consumidor, Empresarial e Civil. Pós-graduado em Direito Público, Direito Processual Civil, Pesquisador de Africanidades, Panafricanista Nacionalista.
15h45 MESA 3
“Ações afirmativas e leis para proteger e trazer reparação histórica à população negra: avanços e ajustes necessários”
LÍVIA VAZ
Promotora de Justiça do Ministério Público do Estado da Bahia. Doutoranda em Ciências Jurídico-Políticas pela Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa. Autora dos livros “A Justiça é uma Mulher Negra” e “Cotas Raciais”. Nomeada, em 2020, uma das 100 pessoas de descendência africana mais influentes do mundo, na edição Lei & Justiça.
MARLON REIS
Doutor em Sociologia Jurídica e Instituições Políticas pela Universidad dê Zaragoza, Espanha. Ex-Juiz Eleitoral; Relator geral da Comissão de Igualdade Racial do TSE; Secretário Geral da Comissão Nacional de Direitos Difusos e Coletivos do Conselho Federal da OAB, e um dos redatores da Lei da Ficha Limpa e redator de diversos outros dispositivos hoje presentes na legislação eleitoral.
17h45 MESA 4
“Tenda das Histórias”
JANIVALDO RIBEIRO
Coordenador-Geral da FENAJUD
