#8M – Mulher é Luta e História

Durante o mês de março a Fenajud fará um resgate histórico da importância e presença das mulheres na luta sindical. O material será disponibilizado via site e redes sociais da entidade, em parceria com os sindicatos de base.

Sabemos que os nomes femininos quase nunca são os primeiros a serem lembrados nas lutas marcadas na história. O mesmo ocorre quando se trata do sindicalismo, mesmo quando este defende pautas progressistas. Mas isso não vem de agora; acontece desde os movimentos de resistência ao sistema feudalista – em que os camponeses e as camponesas faziam um trabalho exaustivo por um prato de comida – ou nas fábricas têxteis que foram o berço da economia no início da Revolução Industrial no século XVIII. E essa luta das mulheres pelo direito de participar, em condições de igualdade aos homens, dos espaços decisórios de poder político será relembrada pela Fenajud – Federação Nacional dos Trabalhadores do Judiciário nos Estados, durante este mês, quando é “comemorado” o 8M (8 de março).

A Federação fará um resgate histórico, por meio de materiais a serem divulgados no site e redes sociais da entidade, ao longo do mês. O objetivo é levar as leitoras e os leitores a conhecer a história de mulheres que foram e são importantes para o cenário sindical, e que, muitas vezes, seguem sem o devido reconhecimento, sendo apagadas historicamente.

Primeiramente, para que possamos compreender melhor este cenário, é preciso desmistificar um fato: costuma-se relacionar o Dia Internacional da Mulher ao incêndio ocorrido na fábrica Triangle Shirtwaist Company, em Nova YorK, em 25 de março de 1911, em que morreram 125 mulheres. Contudo, de acordo com os registros históricos, o primeiro dia mundial de luta das mulheres ocorreu em agosto de 1910, quando a alemã Clara Zetkin propôs, em reunião da Segunda Conferência Internacional das Mulheres Socialistas, a criação de uma jornada de manifestações, que desse visibilidade às reivindicações das mulheres trabalhadoras oprimidas nas fábricas.

Há informações de outras datas em que ocorreram manifestações, mas o 8 de março acabou prevalecendo, graças à onda de protestos contra a fome e a Primeira Guerra Mundial que tomaram conta da Rússia em 1917, e que acabaria levando à Revolução Russa. E o conhecido Dia Internacional da Mulher só foi oficializado em 1975, ano que a ONU estabeleceu o Ano Internacional da Mulher para lembrar suas conquistas políticas e sociais.

Na realidade do Brasil, a data ainda tem um acentuado cunho comercial; mas, nos últimos anos, tem ganhado novos contornos, resgatando o sentido original de luta com protestos nas principais cidades do país, reivindicações trabalhistas – incluindo a igualdade salarial – e pautas específicas das mulheres, como a luta pela liberdade reprodutiva, contra a criminalização e pela legalização do aborto e o combate à violência contra a mulher. 

Participação feminina nos sindicatos

Embora o número de mulheres em cargos de liderança sindical não seja proporcional ao seu envolvimento nas lutas dos trabalhadores ou à sua filiação aos sindicatos, as mulheres estão ganhando mais acesso a cargos de tomada de decisão em alguns países. Estudos históricos registram que as mulheres estão presentes no movimento de trabalhadores desde o século 19.

Mulheres de luta

Mesmo com a ascensão de mulheres nos cargos sindicais, a presença delas no setor ainda é invisibilizada. Muitas informações sequer fazem parte do acervo histórico brasileiro e muitos fatos são difíceis de serem obtidos, inclusive, por meios oficiais. A maioria da população não sabe quem são, como atuaram e em quais estados tiveram protagonismo. Por isso, confira abaixo os nomes de algumas mulheres que fizeram história:

Elvira Boni de Lacerda – De acordo com Karla Silverol, no texto “Direito e feminismo. Abordagens sobre o feminismo”, uma das sindicalistas do início do século XX que teve sua luta reconhecida foi Elvira Boni. Nascida em Espírito Santo do Pinhal (RJ), em 1899, ela começou a trabalhar, sem remuneração, aos 12 anos, como aprendiz em uma oficina de costura. A jornada de trabalho variava entre 11h e 14h por dia. Aos 20 anos, fundou a União das Costureiras, Chapeleiras e Classes Anexas.

Margarida Alves – Uma das mais conhecidas lideranças sindicais do país, ela era presidenta do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Alagoa Grande e foi assassinada em 1983. A atuação de Margarida movimentou mais de cem ações trabalhistas contra a usinas locais. Entre as pautas que lutava estava a contratação com carteira assinada, o pagamento do 13º salário e o fim do trabalho infantil no corte de cana. A tragédia deu origem à Marcha das Margaridas que reúne, em Brasília, milhares de mulheres de todas as regiões do país. A 7ª Marcha, que ocorre a cada quatro anos, será realizada em agosto de 2023.

Creuza Oliveira – Presidenta do Sindicato das Trabalhadoras Domésticas da Bahia e Secretária Geral da Federação Nacional das Trabalhadoras Domésticas. Começou na profissão aos dez anos de idade e contabiliza diversos casos de assédios moral e sexual, espancamento e trabalho sem remuneração. Como sindicalista, há 37 anos defende sua categoria.

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