Com o auditório Dante Barone da Assembleia Legislativa lotado, foi realizada nesta quarta-feira (25/1) a mesa “Sindicalismo e trabalho decente: salário igual para trabalho igual”. A direção do Sindjus marcou presença na atividade, convocada pelas centrais sindicais e movimentos sociais e que integra a programação do Fórum Social Mundial (FSM).
A coordenação da mesa foi feita pelas dirigentes Vitalina Gonçalves (CUT) e Abgail Pereira (CTB) e contou com a presença do secretário Nacional de Economia Solidária, Gilberto Carvalho, representando o Ministério do Trabalho, e João Carlos Coelho, dirigente da Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses (CGTP-IN).
Na primeira parte do painel, os representantes das centrais fizeram falas sobre pautas essenciais para a classe trabalhadora no próximo período: revisão da reforma trabalhista, isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil, regulamentação dos trabalhadores de aplicativos, equidade salarial com recorte de gênero e raça e a construção do mundo possível em que os recursos públicos e a capacidade humana estejam a serviço de todos.
Representando também a Fenajud, o coordenador da Regional Sul, Emanuel Dall’Bello destacou a importância da construção para o fortalecimento do protagonismo da classe trabalhadora nesta nova etapa política do Brasil. “O sindicalismo foi severamente atacado nos últimos seis anos de governos ultraliberais e reacionários, que avançaram de forma violenta sobre os direitos da classe trabalhadora. A reorganização, fortalecimento e unificação do movimento sindical é imprescindível nesse novo momento do nosso país, com um governo mais alinhado e comprometido com o povo, em especial para olhar com muita responsabilidade para o futuro do trabalho”.
Governo Lula e os trabalhadores
Na sequência, o secretário Nacional de Economia Solidária, Gilberto Carvalho, falou sobre a simbologia da entrega da faixa e que isso não pode ficar só na emoção, mas precisa se transformar em realidade para o povo brasileiro. Ele também pontuou que para ocorrerem mudanças será necessário “forte participação e luta popular”. “Não é o governo que muda a sociedade, é a luta que muda a sociedade”, afirmou.
Gilberto Carvalho abordou também a importância da renovação e de uma nova forma de ser movimento social no Brasil: “Quais métodos precisam ser revisitados?”, questionou, falando da necessidade de repensar o modelo de militância e a forma de diálogo com a base social, espaço que hoje tem forte atuação das igrejas evangélicas e das milícias.
Ele ainda citou compromissos do governo federal para o próximo período, como o reajuste do salário mínimo em maio, regulamentação dos trabalhadores de app e questões financeiras dos sindicatos. “Temos compromisso com a luta e retomada dos direitos dos trabalhadores”, afirmou, finalizando: “pressionem o governo”.
Trabalhadores portugueses
O dirigente da Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses (CGTP-IN) João Carlos Coelho falou sobre a luta dos trabalhadores portugueses e como está o debate em Portugal sobre os ataques do mercado à autonomia trabalhista e dificuldades para a organização sindical.
Coelho destacou o debate sobre como a evolução científica e tecnológica está refletindo nos direitos dos trabalhadores: “Nunca se produziu tanto, mas a tecnologia está impondo novas formas de exploração e promovendo o isolamento dos trabalhadores”. Neste sentido, ele citou questões como o teletrabalho está refletindo na atuação sindical.
Outro ponto destacado, é o desafio de fazer a luta em relação às plataforma digitais, que atuam com lucros máximos e baixos investimentos, exploração dos trabalhadores e baixo retorno para a economia: “elas atuam como empresas transnacionais, para não cumprir as legislações trabalhistas e convenções coletivas do setor, inviabilizando as relações de trabalho e de organização”. Por fim, destacou a urgência da luta para desarticular o fascismo e construir uma sociedade mais justa e democrática.
Luta por dignidade
O painel também foi marcado pela manifestação da Associação Unidos Terceirizados e Merendeiras que trabalham nas escolas estaduais e enfrentam uma situação dramática, pois desde novembro não recebem de forma integral os salários. Dezenas de trabalhadoras e trabalhadores dessa categoria presentes na atividade gritaram em coro pelo direito de receber seus salários e ganharam o apoio maciço da plateia lotada do auditório Dante Barone.
Marcha leva milhares às ruas de Porto Alegre
No fim da tarde, ocorreu a tradicional Marcha do Fórum Social Mundial, com milhares de participantes que saíram em caminhada do Largo Glênio Peres, no centro da capital gaúcha, para defender e celebrar a retomada de um caminho propício para a democracia e a reconstrução política e social do país. A marcha encerrou na Esplanada da ALRS, com música e atividades culturais.
“Este momento de integração do FSM traz a importância da união dos movimentos sociais, sindicais, das representações da classe trabalhadora e de toda a diversidade que compõe nosso país para sermos protagonistas de um outro mundo possível. A democracia é valor inegociável e só será mantida e fortalecida se for conduzida pelo povo unido”, destacou o diretor de Comunicação do Sindjus, Marco Velleda.
Fonte: Sindjus-RS