O coordenador-geral da Fenajud, Alexandre Santos, e o coordenador regional Sul da entidade, Emanuel Dall’Bello, participaram da atividade que foi realizada em formato de Webinar.
Na manhã deste sábado (28), a Fenajud (Federação Nacional dos Trabalhadores do Judiciário nos Estados) – por meio do coordenador-geral, Alexandre Santos, e do coordenador regional Sul da Fenajud, Emanuel Dall’Bello – participou do Encontro de Formação de Lideranças Sindicais do Sindjustiça-GO. Em formato de Webinar, o evento, destinado aos Filiados e Filiadas da entidade de base, reuniu algumas lideranças sindicais e políticas, além de especialistas, para debater o futuro do Judiciário; o impacto das mudanças tecnológicas; a defesa do serviço público e a importância da representatividade política nas Casas Legislativas.
A atividade contou com a presença do deputado federal por Goiás Elias Vaz (PSB); do deputado estadual Karlos Cabral (PSB); da publicitária Nívea Barbosa e foi mediado pelo presidente Fabrício Duarte e pelos vice-presidentes Otto Maia e Marcus Vinicius de Sousa. Confira no vídeo (atividade inicia a partir do minuto 58).
Em sua fala de abertura, Fabrício Duarte, presidente do Sindicato, parabenizou a iniciativa, citou a importância da atividade na atual conjuntura e como a formação de novas lideranças pode contribuir com a melhora do cenário político atual. Sobre isso, ele disse que a promoção desse encontro se deu por várias razões, dentre elas: o sindicalismo vem mudando dentro do nosso país. “Ao longo do tempo, principalmente depois da Reforma Trabalhista houve uma mudança no sindicalismo. Isso acabou atingindo a todos, inclusive nós, da atividade pública. Ademais veio a radicalização de um governo que promove inúmeras imposições, com algumas reformas, como a reforma previdenciária e Trabalhista. No Congresso temos algumas outras que muito nos preocupam, que atingem nosso trabalho, nossa carreira”.
Ele acredita que a atividade corrobora para que se tenha “uma sociedade melhor, sociedade mais justa. Mas também por uma sociedade que seja mais equânime nas suas condições financeiras. E com a pandemia precisamos nos reinventar, dentro do nosso universo temos muitos colegas no home office, e algumas ações acabam prejudicadas. Por isso, é necessário iniciar esse debate com os mais jovens e falar com essas pessoas. É imprescindível ter esses momentos com pessoas que trazem conhecimento para nós”, apontou.
Em seguida Otto Maia, vice-presidente do Sindicato, agradeceu os palestrantes que estiveram na atividade compartilhando suas experiências. O dirigente ressaltou a dinâmica da atividade e falou que “em outros momentos faremos encontros com interatividade maior. E é uma satisfação encontrá-los para refletir sobre assuntos tão importantes e inadiáveis, que fazem parte, não só da missão institucional e estatutária, sobretudo com o compromisso com o coletivo. Hoje vamos dialogar sobre liderança, formação sindical e representatividade política. Isso porque se almejamos uma participação mais efetiva e construtiva, precisamos entender de forma mais aprofundada esses assuntos”, pontuou.
Nívia Barbosa, publicitária e especialista em meditação, em sua fala levou os presentes a uma reflexão interpessoal e a necessidade de se ampliar o olhar humano das lideranças. A especialista apontou durante sua participação que “É preciso enxergar melhor a humanidade e entender melhor os valores. É preciso olhar com mais humanidade para os trabalhadores e trabalhadoras que rodeiam o ambiente sindical como um todo e mais do que isso, é preciso identificar o problema, buscar soluções e ter uma comunicação empática”.
Emanuel agradeceu o convite do Sindicato e falou sobre o impacto dos avanços tecnológicos no mundo do trabalho e como isso afeta as relações. “Dava para falar sobre vários aspectos, mas vou me ater a discussão sobre o futuro no mundo do trabalho e as relações laborais. Para nós é muito importante não só olhar por esse recorte da uberização, da plataformização do trabalho, mas também sobre a perspectiva dessa transição tecnológica contínua, que estamos passando, cada vez mais abrupta e que muitas vezes não nos damos conta. Debatemos no Judiciário a Agenda 2030, que o CNJ trás, e também a questão da Justiça 4.0, que é um processo muito mais abrangente, que afeta não só a nossa atividade sindical, que é um desafio muito grande, mas também a vida das pessoas como um todo. Não só do ponto de vista de como se realiza o trabalho, mas como se interage com as pessoas”.
Citando um conceito de Ricardo Antunes, um dos maiores especialistas brasileiros no tema do mundo do trabalho, ele fez uma breve reflexão sobre a captura da subjetividade. “Como diz o especialista, é importante olhar sobre essa perspectiva, a gente vive esse processo porque nessa onda de trabalharmos em casa, de forma isolada, cada vez mais individualizado, de certa forma parece muito atrativo, mas elas não percebem como o Poder Judiciário vai se utilizar disso, em um processo de cada vez mais se desresponsabilizando, enquanto transferem a responsabilidade para o trabalhador. O processo de adoecimento psíquico está relacionado a isso”, disse.
Enquanto isso, o coordenador-geral da Fenajud fez um panorama político detalhado da situação nos estados, fez um resgaste histórico sindical, citou as políticas nefastas que seguem em tramitação no Congresso Nacional e como a entidade tem enfrentado e atuado diante de todas essas dificuldades. Alexandre iniciou sua fala citando a necessidade de se realizar debates construtivos, como esse do Sindicato goiano. “O tema é de uma importância sem tamanho, porque precisamos formar lideranças sindicais. Fico feliz pelos debates qualificados que nos trouxeram questões tão importantes. Pois o primeiro grande desafio que nós temos é formar pessoal, formar lideranças para quebrar preconceitos”.
O dirigente enfatizou a importância da aprovação da PEC 526/2010, que dispõe sobre sobre a participação de servidores na eleição de membros dos órgãos diretivos dos Tribunais de Justiça. Falou ainda das últimas pautas que impactam a vida dos trabalhadores do serviço público, como a PEC 32 e a PEC 63/13, esta última que gera um impacto generoso aos cofres dos Tribunais e podem, inclusive, inviabilizar as recomposições salariais. Ele citou também as demais pautas e fez um alerta, “A PEC 32 está adormecida, mas isso pode mudar depois das eleições. Para que ela não fosse pautada foi uma luta grande. E os trabalhadores, em grande maioria, não se sentem trabalhadores, se sentem elites. Mas precisam mudar isso. É preciso entender e se organizar, enquanto trabalhador para fortalecer seus sindicatos, para enfrentar todos esses ataques. Essa realidade precisa ser discutida dentro dos ambientes sindicais”.
Marcos Vinicius, vice-presidente apresentou dados compilados pelo DIAP. Ele citou sobre o conservadorismo no Congresso e como isso tem reverberado nos direitos da classe trabalhadora. “Se fomos analisar o perfil político, verificamos que temos poucos representantes políticos dos servidores públicos. Eu trouxe esses dados para mostrar como é importante a representação de servidores”.
O deputado federal Elias Vaz, “acho esse debate muito apropriado. Na verdade, se cria determinados sentimentos na sociedade. E vemos que a política está atrelada a algo negativo, na verdade há interesses de certas categorias que determinadas categorias não tenham representante dentro das Casas Legislativas. Observamos que é o contrário, não há nada mais legítimo e importante que se possa ter parlamentares que dialoguem com as categorias, que ouçam suas demandas”.
Karlos Cabral, deputado estadual, fez uma provocação e perguntou se os dirigentes estão levando o debate para “fora da bolha”. Sobre isso, ele disse que “A luta não é brincadeira. Insistentemente tenho falado sobre perder o debate com a sociedade da importância do serviço público. Nós temos uma categoria que não se sente trabalhador, é acima da média, pela proximidade com o poder, faça ela pensar que está acima do poder, quando na verdade está abaixo. Essa consciência é destruidora. A gente precisa sair do discurso e buscar outras falas mais simbólicas”.
A atividade está disponível no canal do Youtube do Sindicato. Confira aqui o Encontro completo: