Atividade reuniu sindicatos de todos os estados das duas regiões e foi marcada por falas profundas sobre a necessidade da construção coletiva.
Nos últimos dias 13 e 14 de maio, a FENAJUD – Federação Nacional dos Trabalhadores do Judiciário nos Estados realizou o I Encontro Norte e Nordeste no Estado de Rondônia, na cidade de Porto Velho. A atividade foi organizada pelos coordenadores regionais, Gislaine Caldeira e Luiz Cláudio. O debate teve como pauta principal a defesa do serviço público, de seus trabalhadores e trabalhadoras e a definição de propostas para impedir a aprovação de medidas desastrosas que possam impactar a vida dessa categoria.
Sob o tema “Lutas, Resistências e Vitórias”, os coordenadores gerais da Fenajud, Arlete Rogoginski, Alexandre Lima e Janivaldo Nunes estiveram reunidos com os sindicatos SINDJUSTIÇA-RN, SINJAP, SINDJUSTIÇA-CE, SINDIJUS-PR, SERJAL, SINJUS-AC, SINTAJ-BA, SINTAJ-PB, SINDJUS-PA, SINTJAM, SINJUSTO e SINDJUD-PE. Além deles participaram mais três entidades ouvintes: SINDJUS-MA, SINJAC E SERJUSMIG.
Durante o período os dirigentes das entidades afilaidas puderam falar abertamente e individualmente sobre suas vivências, as lutas no cotidiano e como poderão, a partir de agora, unir forças para criar mecanismos de combate às propostas prejudiciais que tramitam nas Casas Legislativas e, principalmente como promover novas conquistas para a classe trabalhadora, ante ao desmonte que o serviço público vem sofrendo nos últimos anos. Cada sindicato apresentou o balanço do seu estado e compartilhou ideias e tirou dúvidas acerca de temas comuns.
Assista aqui, na íntegra.
O que diz a Coordenação
A mesa de abertura foi composta pelos coordenadores gerais, e pelos coordenadores regionais. A abertura ficou por conta da coordenadora regional Norte da FENAJUD e presidente do SINJUR, Gislaine Caldeira, anfitriã do evento. Em sua fala Gislaine fez um breve relato da trajetória de lutas e conquistas no decorrer de suas duas gestões à frente do Sindicato e destacou ainda a importância da troca de experiências durante o Encontro dizendo: “É muito importante para as nossas entidades, nesse momento de turbulência política pela qual passa o país, discutir as nossas pautas em um palco como este, rico de experiências vividas por cada um de nós, dirigentes de entidades sindicais”.
Na avaliação do Coordenador Regional Nordeste, Luiz Claudio, “O encontro superou as expectativas. Pois, além de todos os estados dessas regiões participarem, ainda contamos com a presença dos três coordenadores gerais e convidados, como Acre, Maranhão, Roraima e Minas Gerais. A organização foi impecável, o Sinjur está de parabéns pela parceria, a magnitude superou tudo que esperávamos. Foi o primeiro Encontro, mas já entrou para a história da Fenajud. Foram 70 inscritos. Estou muito feliz, porque sabemos que a construção e debate de propostas para enfrentar as dificuldades é no momento que iniciamos as tratativas para aproximar os sindicatos das suas regiões. Com troca de informações e parceria”, disse.
Arlete frisou em sua fala a importância da luta coletiva e a necessidade desse debate ser feito. A coordenadora ressaltou que as entidades têm encontrado dificuldade no trabalho em torno das conquistas de direitos e citou a facilidade como estes são perdidos. “Basta uma canetada”, disse. De forma lúdica ela recitou uma frase de Ariano Suassuna que diz que “O otimista é um tolo, o pessimista é um chato, e bom mesmo é ser um realista esperançoso”, fazendo referência a realidade vivenciada no país e a necessidade de se promover ações para manter a esperança viva e a luta para conquista de resultados positivos.
Alexandre, na oportunidade, destacou que em um momento não muito distante já havia sido ventilada a criação e integração das regiões Norte e Nordeste. Segundo ele, “a idealização desse Encontro se deu em virtude das pautas serem próximas e da necessidade de se dialogar entre os pares a fim de compartilhar propostas para defesa e novas conquistas dos trabalhadores”. Em uma fala contundente fez referência ao 13 de Maio, dia de Abolição da Escravatura, ressaltando assim a luta dos negros na história do país que viveram sem emprego, sem moradia e foram empurrados de forma abrupta para as periferias do Brasil.
Janivaldo iniciou sua fala fazendo referência à fala de Alexandre e como a data, considerada emblemática, que coincide com a comemoração dos 33 anos do SINJUR, é importante para o país. “Se formos observar a história, percebemos que o surgimento dos sindicatos é demonstração de liberdade e de emancipação na luta pela classe trabalhadora. É um marco histórico que merece o nosso estudo”, enfatizou. Janivaldo ressaltou a presença de dois negros e uma mulher na coordenação-geral, considerado fundamental para a história da entidade e comentou ainda que “somente com a construção da unidade é que se chega ao objetivo”.
Ex-governador presente
Além deles, o evento contou com a presença ilustre do ex-governador de Rondônia, Daniel Pereira, que parabenizou a entidade e os organizadores pela iniciativa de realização do Encontro na capital de Rondônia. Neste sentido, ele parabenizou a entidade pela comemoração de seus 33 anos, na pessoa da coordenadora Gislaine e saudou a servidora Jussara Leopoldo, duplamente homenageada como sindicalista e como mulher negra. Ele relembrou que se chegou ao cargo máximo do estado uma parcela máxima deve a essa trabalhadora.
Pereira citou que ganhou 4 eleições e perdeu 4 e todas elas foram por vias democráticas. Sobre a política ele disse que “a escolha é livre, o Cidadão pode votar em quem quiser, mas o eleito não pode colocar o sistema em risco: se ele for bom será reeleito e se for ruim tem a sair pela mesma porta que entrou. Disse ser obrigação do Chefe do Executivo tentar sua reeleição sem colocar em risco o processo democrático, o agente público não é mais importante que a população, apenas cumpre uma função de momento. E alguém que está no mandato e coloca o sistema que foi eleito que coloque em dúvida o sistema jurídico eleitoral porque quer justificar uma possível derrota é nocivo e deve ser banido”.
Calendário
A atividade, que foi a primeira a reunir duas regiões, terá continuidade durante a gestão. A previsão é que o Encontro ocorra pelo menos uma vez ao ano, em diferentes estados.