SINJUS-MG: SERVIDORES PROTESTAM CONTRA ATRASO DE SALÁRIO NO TJ

Após serem surpreendidos por aviso na intranet do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) de que haveria atraso no pagamento dos salários previstos para serem creditados nesta quarta-feira, dia 1º/11, centenas de servidores ocuparam o hall da sede do Tribunal em protesto. O ato aconteceu no início da tarde e foi liderado pelos dirigentes do SINJUS-MG e do SINDOJUS.

Cerca de 300 presentes usaram roupas pretas para simbolizar o momento obscuro  pelo qual passa o Órgão. A mobilização também teve como foco deixar clara a insatisfação em relação o descumprimento por parte da Administração do TJMG em relação à Lei da Data-Base e ao acordo dos auxílios-saúde e transporte, amplamente negociado e assinado pelo presidente do TJMG, desembargador Herbert Carneiro.

Durante o ato, o coordenador-geral do Sindicato dos Servidores da Justiça de 2ª Instância do Estado de Minas Gerais (SINJUS-MG), Wagner Ferreira, destacou que os servidores não podem responder pela condescendência do presidente do Tribunal diante das ilegalidades praticadas pelo Poder Executivo.  “A postura permissiva do presidente do TJMG contraria o princípio da autonomia financeira do Tribunal, já que o governo estadual tem obrigação constitucional de repassar os duodécimos até o dia 20 de cada mês”, ressaltou o dirigente.

Foi destacado também que o presidente Herbert Carneiro já tem aval do Tribunal Pleno para tomar providências judiciais no Supremo Tribunal Federal (STF), que requeiram o repasse integral e em dia dos duodécimos devidos pelo Poder Executivo, mas, até agora, nada fez nesse sentido. Deste modo, há, sim, uma conivência do chefe do Judiciário mineiro com a conduta reiterada de não repasse dos duodécimos capitaneada pelo governador Fernando Pimentel.

Enquanto o presidente do Tribunal não tomou as providências cabíveis diante da ausência do repasse do duodécimo, o presidente do Tribunal de Contas do Estado (TCE), Cláudio Terrão, instituiu grupo de trabalho para realizar um pente-fino nas contas do governo de Minas. A suspeita é de que o governador, candidato à reeleição, esteja fazendo caixa, por meio da retenção dos salários de servidores e da falta de repasses aos municípios. Segundo o presidente do TCE, o Estado vem melhorando sua capacidade arrecadatória, mas, apesar disso, não houve resgate das contas públicas. “Vamos nos aprofundar nessas denúncias e, se ficar configurado que o governo vem retendo repasses para supostamente fazer caixa, o relatório pode indicar a rejeição das contas deste ano”, disse Terrão em matéria veiculada na imprensa.

Outro fato que chamou a atenção foi que o Ministério Público Estadual, órgão que guarda equivalência com o TJMG, não atrasou o pagamento de seus servidores, que tiveram os salários creditados normalmente nesta quarta-feira, 01/11. Na avaliação dos dirigentes sindicais, o desprestígio ao Poder Judiciário ultrapassou os limites, e os trabalhadores não vão pagar a conta da omissão da Presidência do Tribunal.

Os servidores deixaram claro durante o ato que não aceitam atrasos nos salários e repudiaram as publicações feitas na intranet do TJMG. O que se esperava do presidente era uma ação imediata e enérgica quanto ao alegado atraso no repasse. No mínimo, a Presidência deveria ter informado aos servidores que era a primeira e a última vez que o fato iria acontecer, pois tomaria providências. No entanto, o chefe do Poder Judiciário deixou os servidores entregues à própria sorte.

Mais uma nota insatisfatória na intranet
Durante a tarde desta quarta-feira, em nova nota na intranet, o presidente do TJMG disse: “Devo lembrar a todos que a dificuldade  no repasse vem sendo recorrente em todos os meses de minha gestão”. Contudo, em reunião com os sindicatos no dia 17 de fevereiro de 2017, Herbert Carneiro informou que o Executivo estava cumprindo os repasses para o Poder Judiciário e afirmou que não haveria risco de atrasos no pagamento dos salários (Veja aqui). Ou seja, a informação é contraditória, pois o mandato do presidente teve início em julho de 2016.

Mais adiante na nota, o presidente diz que “O Poder Executivo tem procurado atender ao Tribunal de Justiça, não obstante a crise econômica em curso”. Ora, o Poder Judiciário não é um anexo da Cidade Administrativa, e o Poder Executivo, segundo o presidente do TJ, deve 500 milhões ao Tribunal! E mais: as receitas do Estado aumentaram, conforme está demonstrado no Relatório de Gestão Fiscal do último quadrimestre. Portanto, é direito do Judiciário o repasse respectivo, ou seja, não é um favor do governador.

Se o presidente do Tribunal solicita, na referida nota da intranet, que os servidores  se mantenham atentos às comunicações oficiais, que procura veicular para evitar o crédito a especulações que podem “desestabilizar o ambiente institucional”, é importante ressaltar que as informações oficiais anteriores davam conta de que o projeto referente aos auxílios-saúde e transporte seria enviado ao Legislativo em janeiro de 2017, o que não foi cumprido até o momento. Aliás, nem a tramitação interna foi concluída. Há quatro meses, o projeto dos auxílios se encontra na Comissão Administrativa do TJMG, e o projeto da Data-Base 2017, vencida em maio, nem sequer foi elaborado.

Ressalte-se que Comissão Administrativa, na mesma reunião que tirou de pauta o projeto dos auxílios, decidiu aprovar a possibilidade de indenização de todos os 60 dias de férias dos magistrados, “de acordo com a disponibilidade financeira e orçamentária”.

Segundo as garantias oficiais do presidente, que não concordou em incluir os auxílios como emendas à Data-Base do ano passado, o projeto seria encaminhado tão logo esta fosse sancionada, o que ocorreu em junho deste ano. Certo é que, além da falta de isonomia entre magistrados e servidores, o descumprimento de acordos e leis por parte do Tribunal de Justiça desestabiliza o ambiente institucional.

Por isso, o sindicato já está formulando peças jurídicas para ingressar no Supremo Tribunal Federal (STF) e no Conselho Nacional de Justiça (CNJ) contra a postura omissiva do Tribunal que, além de permitir que o Executivo atrase os repasses dos duodécimos, vem renunciando à receita e prejudicando o funcionamento do Poder Judiciário. Também serão contestados os cortes no orçamento de 2018 e os atrasos nos repasses da remuneração pela administração dos depósitos judiciais.

Só a luta te garante!
Com palavras de ordem, os servidores reivindicaram mais uma vez o cumprimento da Lei da Data-base, que está atrasada desde maio, e também do acordo assinado em ata para instituição dos auxílios-saúde e transporte, que há mais de um ano está parado dentro do Tribunal. Os dirigentes do SINJUS e SINDOJUS demonstraram aos manifestantes todo o histórico das negociações e compromissos firmados. Agora, é preciso que o presidente do Tribunal de Justiça cumpra o que assinou.

Os servidores presentes usaram a palavra demonstrando insatisfação com o tratamento diferenciado dentro do Tribunal e para dizer que basta de protelação dos direitos da categoria. A matéria do Jornal Estado de Minas sobre as indenizações de 60 dias de férias e também das férias-prêmio dos magistrados deixou claro que, apesar da crise, a Presidência imediatamente acatou decisão da Comissão Administrativa. Já para os servidores as reivindicações com acordo assinado e cumprimento de lei são proteladas.

Próximas mobilizações
Servidor, não podemos mais permitir esse tipo de postura por parte do Tribunal. O atraso nos salários veio um dia depois de a categoria aprovar indicativo de greve em AGE. É preciso ampliar a mobilização e a luta pelo respeito à Lei da Data-Base, que está em atraso desde maio, e pelo cumprimento do acordo sobre os auxílios-saúde e transporte, firmado ainda em setembro de 2016.

No dia 8/11 (quarta-feira), 12h às 14h, será realizado um Apagão do Judiciário, na unidade Afonso Pena. Durante esse período, os servidores novamente deverão se concentrar no saguão.

No dia 9/11 (quinta-feira), 12h às 14h, é a vez do anexo I da Unidade Goiás ser palco para as manifestações. A concentração ocorrerá no saguão de entrada.

No dia 13/11, 13h30, acontece a Assembleia Geral Extraordinária (AGE) para avaliar as negociações com o Tribunal e deliberar sobre a oportunidade do exercício do direito constitucional de greve.

Servidor, convoque os seus colegas, vista sua camisa preta e participe!

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