O racismo no Brasil se manifesta de diversas formas, inclusive implicitamente, por meio de estruturas e normas socialmente aceitas que favorecem pessoas brancas em detrimento das negras. Esse fenômeno, segundo especialistas, é explicado pelo conceito do “Pacto da Branquitude”, que longe de ser um acordo formal, se traduz em práticas e privilégios que mantêm um grupo dominante no poder, de pessoas brancas, e reforçam desigualdades históricas.
Esse pacto silencioso pode ser observado na sociedade em diversas esferas, como no mercado de trabalho e no sistema de justiça. Mesmo representando 56% da população brasileira, a população negra segue sub-representada em cargos de liderança e é alvo frequente de abordagens policiais violentas. No Poder Judiciário, por exemplo, na grande maioria, o pacto da branquitude se reflete na formação de juízes brancos por professores brancos, que julgam a partir de leis produzidas por pessoas brancas.
A psicóloga Cida Bento, autora do livro O Pacto da Branquitude afirma, em diferentes momentos em seus textos, que não há uma determinação expressa de exclusão de pessoas negras, mas há uma estrutura que opera para que isso aconteça. “Esse mecanismo, muitas vezes inconsciente, está enraizado na cultura e se perpetua por meio de escolhas e proteções automáticas entre pessoas brancas. Para combater essa estrutura, não basta apenas não praticar atos racistas — é essencial adotar uma postura antirracista. Isso significa reconhecer e questionar os privilégios brancos, apoiar políticas de inclusão e atuar ativamente para romper com os padrões de exclusão”, sugere em entrevista ao CEERT (Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades).
Luta contra o racismo
A Fenajud e os sindicatos de base, neste 21 de março – Dia Internacional pela Eliminação da Discriminação Racial, têm a obrigação de relembrar e lutar ativamente contra o racismo, promovendo a equidade racial dentro e fora do sistema de justiça. É fundamental que essas entidades não apenas denunciem as desigualdades, mas também desenvolvam ações concretas para combater a discriminação, garantindo que pessoas negras tenham acesso a oportunidades justas no serviço público e em toda a sociedade.
O compromisso com a luta antirracista deve estar presente em todas as pautas sindicais, desde a defesa por políticas de inclusão até o enfrentamento do racismo estrutural que ainda persiste nas instituições. Afinal, justiça social só será plena quando a igualdade racial for uma realidade.
A data foi instituída pela Organização das Nações Unidas (ONU), e foi escolhida em memória do Massacre de Sharpeville, que ocorreu em 1960 na África do Sul.