Janeiro Branco – Dor não se compara, se ampara

A Federação ouviu uma especialista sobre o tema, que chamou atenção para a conscientização e cuidados para uma saúde mental em equilíbrio

Nos últimos anos, o Brasil tem vivido um aumento significativo nas discussões sobre saúde mental. Um tema que antes era tabu — e que, apesar dos avanços, ainda enfrenta preconceitos — tem ganhado destaque, especialmente na última década. Este mês, a campanha Janeiro Branco reforça a importância da conscientização sobre saúde mental em todo o país, incentivando reflexões e promovendo o cuidado emocional, a prevenção de transtornos psicológicos e o bem-estar coletivo e individual. Para aprofundar o debate junto à sociedade, a Fenajud entrevistou a psicóloga Rita Rocha (CRP 01/19406), em uma matéria especial, que abordou aspectos essenciais da prevenção do adoecimento mental e da prática do autocuidado, lembrando que “dor não se compara, se ampara”.

Segundo Rita, ao abordar temas como ansiedade e saúde emocional, as instituições e entidades contribuem para reduzir casos graves, como o suicídio. Ela lembra que discutir a saúde mental é essencial para combater estigmas e promover um ambiente mais acolhedor para quem enfrenta dificuldades emocionais. Por isso, prevenir o adoecimento mental significa estar atento aos sinais de desgaste emocional, como estresse excessivo, insônia, irritabilidade e dificuldade de concentração. Quanto mais cedo esses sintomas forem identificados, maior a chance de serem tratados e, assim, evitar que se tornem transtornos mais graves.

Segundo a especialista, questões relacionadas à saúde mental foram ignoradas ou subestimadas por muito tempo. “Campanhas como o Janeiro Branco ajudam a entender que cuidar da mente é tão essencial quanto cuidar do corpo, e isso deve ser uma prática constante ao longo do ano, não restrita a um mês específico. Diferente do Setembro Amarelo, que é voltado à prevenção do suicídio e suas patologias associadas, o Janeiro Branco foca no cuidado, no autocuidado e na prevenção da saúde emocional e psicológica. É importante lembrar que, em 90% dos casos, pessoas que cometem suicídio já enfrentam algum transtorno, como a depressão. Por isso, os conselhos de psicologia buscam ir além de campanhas mensais e promovem ações que incentivem o cuidado com a saúde mental durante todo o ano.”

A psicóloga aponta que, geralmente, o início do ano é um momento simbólico para reavaliar hábitos, refletir sobre escolhas e priorizar o bem-estar. Assim, a psicóloga recomenda:

• Manter uma rotina equilibrada;
• Cultivar momentos de lazer;
• Realizar atividade física e ter alimentação saudável;
• Cuidar do sono;
• Manter uma alimentação equilibrada;
• Prática de atividade física;
• Investir no autoconhecimento;
• Cultivar relacionamentos saudáveis e respeitosos;
• Respeitar seus limites;
• Avaliar o ambiente de trabalho: estar em um lugar que faça sentido para você.

Além das recomendações citadas acima, a profissional lembra que “O acompanhamento de um profissional pode ser fundamental para compreender as próprias emoções e desenvolver ferramentas para lidar com os desafios do dia a dia.”

Reflexão coletiva

O Janeiro Branco é, acima de tudo, um convite à reflexão, tanto individual quanto coletiva. A psicóloga destaca que “uma das formas mais eficazes de promover clareza e conscientização sobre saúde mental é discutir amplamente o tema, por meio de entrevistas, artigos e presença na mídia. Quanto mais se fala, mais se combate o estigma de que questões psicológicas são sinônimo de fraqueza. Na realidade, muitas pessoas adoecem justamente por terem carregado o peso de serem fortes por tempo demais, sem se permitirem demonstrar vulnerabilidade. Isso ressalta a importância de buscar apoio profissional, como psicólogos, psicanalistas e psiquiatras, que possuem a formação necessária para lidar com essas questões. Também é importante alertar sobre os perigos da automedicação, uma prática comum que pode agravar os problemas. Falar sobre saúde mental é indispensável para desmistificar, esclarecer e incentivar o cuidado adequado”.

“Devemos criar espaços de acolhimento e diálogo sobre saúde mental, seja no ambiente de trabalho, nas famílias ou nas comunidades. Cada conversa, cada gesto de apoio, contribui para quebrar barreiras e construir uma sociedade mais empática e saudável”, finaliza Rita.

Compromisso institucional

A Fenajud reforça o compromisso com ações que promovam o bem-estar de sua categoria e a importância de colocar a saúde mental como prioridade em todas as esferas, e cobra dos tribunais de justiça de todo o país a implementação de ações efetivas que garantam a proteção e o suporte necessário à saúde mental dos servidores e servidoras. É imprescindível que sejam desenvolvidas políticas institucionais que promovam um ambiente de trabalho saudável, com programas de acompanhamento psicológico, prevenção ao adoecimento mental e estratégias de acolhimento. Além disso, é fundamental combater práticas que gerem sobrecarga, como metas abusivas e condições precárias de trabalho, que comprometem o bem-estar emocional dos profissionais. A entidade reforça que cuidar da saúde mental é garantir uma justiça mais eficiente e humanizada.

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