Fenajud lança campanha Novembro Antirracista: na luta pela igualdade e contra o racismo estrutural

Sob o tema “O despertar, o agir e o construir: para a libertação plena do povo preto”, a Federação abordará, durante todo o mês, em parceria com os sindicatos filiados, uma série de ações e conteúdos educativos com o intuito de promover a igualdade e o respeito à diversidade racial.

Durante todo este mês de novembro, a Fenajud – Federação Nacional dos Trabalhadores do Judiciários se une à luta pelo fim do racismo com o lançamento da campanha Novembro Antirracista, sob o tema “O despertar, o agir e o construir: para a libertação plena do povo preto”. Essa iniciativa visa, de forma concreta, conscientizar sobre a importância do combate ao racismo estrutural, ainda presente de forma intensa na sociedade brasileira. A campanha trará uma série de ações e conteúdos educativos com o intuito de promover a igualdade e o respeito à diversidade racial.

O Novembro Antirracista da Fenajud não é apenas um momento de reflexão, mas de ação efetiva para despertar a sociedade para a urgência dessas mudanças, inclusive, engajando trabalhadores e trabalhadoras na luta por um país mais justo e por mudanças reais e significativas. A Entidade se debruça sobre o tema por entender que é uma questão estrutural, enraizada em práticas e relações cotidianas, que exige mudanças urgentes nas instituições e no comportamento social.

A realidade do racismo estrutural no Brasil é evidenciada por dados alarmantes que refletem a desigualdade racial em diversas esferas sociais e econômicas. No mercado de trabalho, apenas 29,5% dos cargos gerenciais são ocupados por pessoas negras, enquanto 69% estão nas mãos de brancos. A situação de pobreza também revela essa disparidade: 72,9% das pessoas que vivem com menos de US$ 5,50 por dia são negras. A violência é uma das faces mais cruéis dessa desigualdade, com 77% das vítimas de homicídio sendo negras e, entre jovens, o índice é ainda mais chocante — 51 em cada 100 mil jovens negros são assassinados, três vezes mais que jovens não-negros (14,6 por 100 mil). A situação das mulheres negras também é alarmante, com 66% dos homicídios femininos no país atingindo essa população. Quando o recorte é o acesso a direitos básicos, a desigualdade persiste: 12,5% da população negra vive sem coleta de lixo (contra 6% da população branca), 17,9% não tem abastecimento de água (comparado a 11,5% dos brancos) e 42,8% não têm acesso ao esgotamento sanitário adequado (contra 26,5% da população branca). Esses números são um alerta da necessidade urgente de ações concretas contra o racismo estrutural e suas consequências. Os dados foram divulgados pelo Conselho Regional de Serviço Social – CRESS 17ª Região/ES.

Juliana Lima, mulher negra, advogada, Co-fundadora e Diretora Executiva da Associação coletiva Abayomi Juristas Negras, falou à Fenajud sobre a importância do tema para o fortalecimento da luta antirracista no Brasil atual. Para ela, “Entender a história e o impacto da escravização é essencial para fortalecer a luta antirracista no Brasil porque permite que reconheçamos as raízes das desigualdades raciais que persistem até hoje. A escravização foi uma das instituições mais cruéis e duradouras da nossa história, sustentando por séculos uma hierarquia racial que ainda molda as estruturas de poder, economia e cultura do país. Esse legado deixou profundas marcas em todos os aspectos da sociedade brasileira, desde a distribuição de terras e riquezas até o acesso à educação, saúde e trabalho”.

A advogada aponta que “A conscientização sobre o racismo estrutural é essencial para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária, especialmente para a população negra, pois ajuda a revelar como o racismo está profundamente enraizado em nossas instituições e práticas sociais. Dessa forma, a população consegue compreender que o racismo vai além das atitudes individuais; ele está embutido nos sistemas legais, educacionais, econômicos e até culturais, impactando diretamente o acesso e as oportunidades — ou a falta deles — para as pessoas negras. Essa conscientização também fortalece a luta antirracista ao derrubar o mito da “democracia racial,” que sustenta a falsa ideia de que as relações raciais no Brasil são naturalmente harmoniosas e de que o racismo é algo pouco relevante. Esse mito impede que o racismo seja combatido de forma eficaz, pois disfarça as injustiças sob a fachada de uma sociedade igualitária. Entender a história ajuda a desmistificar essa ideia, permitindo que a população em geral e as políticas públicas abordem o racismo como um problema estrutural e urgente”.

A CAMPANHA

Ao longo do mês, a Fenajud promoverá uma programação especial, incluindo conteúdos informativos, cursos de letramento racial e espaços de debate. Entre os temas abordados estarão:

A história da escravização e suas consequências para a sociedade atual, destacando o legado cultural e de resistência do povo preto;

Reflexões sobre consciência racial e a importância de identificar e confrontar preconceitos e privilégios;

Exemplos de ações antirracistas que podem ser adotadas no dia a dia, o enfrentamento do racismo em espaços públicos e privados;

Mobilização coletiva durante a Semana da Consciência Negra, enfatizando a importância do Dia da Consciência Negra (20 de novembro) e a força da união em prol da igualdade racial.

PARTICIPAÇÃO

A Fenajud acredita que a transformação exige muito mais do que palavras; é necessário agir. Por isso, a Federação convida todos e todas a participarem ativamente do Novembro Antirracista, engajando-se nas ações e compartilhando conteúdos para fortalecer a causa. Essa campanha é um marco na luta por uma sociedade mais inclusiva e respeitosa, onde a justiça racial seja uma realidade para todos.

Unidos, podemos despertar consciências, agir pelo que é justo e construir um futuro livre de racismo.

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