II Encontro Norte e Nordeste debate a reconstrução da democracia participativa no Brasil

O evento foi realizado em Salvador, Bahia, e debateu pautas para fortalecimento sindical e defesa de servidoras e servidores.

A Federação Nacional dos Trabalhadores do Judiciário nos Estados (Fenajud) promoveu o II Encontro Norte e Nordeste, onde reuniu representantes sindicais das entidades afiliadas das duas regiões, além de representantes de outros estados, neste sábado, 20, em Salvador, Bahia.

O Encontro é idealizado pelos coordenadores regionais Norte e Nordeste, Gislaine Caldeira e Luiz Cláudio. Sob o tema: “a Reconstrução da Democracia Participativa no Brasil”, os coordenadores gerais da Fenajud, Arlete Rogoginski, Alexandre Santos e Janivaldo Ribeiro iniciaram o evento que contou com a participação dos sindicatos SINDJUSTIÇA-RN, SINJUR, SINSJUSTO, SINDJUSTIÇA-CE, SINDJUD-PE, SINJAP, SINTJAM, SERJAL, SINTAJ-BA, SINTAJ-PB, SINDJUS-PA, SINDIJUS-SE e SINDIJUS-MA que não é filiado à base da Federação. E de sindicatos de outras regiões do país, como é o caso do SERJUSMIG, SINDJUS-MG e SINDIJUS-PR.

A primeira mesa de debates abordou o tema “Como o Movimento Sindical pode contribuir para a Defesa de Direitos das Minorias Sociais”, mediada pela representante do Sindicato dos trabalhadores da Justiça do Amazonas (SINTJAM), Elisângela da Silva Paula e pelo coordenador-geral da Fenajud, Janivaldo Ribeiro, e composta pelo jornalista e presidente do Sindicato dos Jornalistas da Bahia, Moacy Neves; e pelo mestre em Ciências Sociais, membro do Conselho Estadual de Promoção e Defesa dos Direitos LGBT+ da Bahia, Vinícius Zacarias.

Para Moacy Neves, o Movimento Sindical precisa se renovar. “Nós temos as minorias de raça, de etnia, as linguísticas, por orientação sexual, e em um país tão desigual quanto o nosso, essas minorias acabam ficando deficitárias dos seus mínimos direitos. Precisamos discutir essas minorias dentro dos sindicatos. Se o movimento sindical não ajudar a transformar, a gente não terá condições de pautar mudanças fora do nosso ambiente. É preciso abrir esses espaços para as minorias e encontrar um modelo onde o sindicalismo responda às expectativas do mercado de trabalho. Enfim, são reflexões sobre o sindicato do futuro, pois o modelo que temos hoje já não atinge mais o objetivo das transformações que precisamos”, afirmou.

Vinícius Zacarias iniciou sua fala confrontando os presentes sobre como a nova geração vem solicitando uma demanda de maior interação do movimento sindical, de inclusão e do fortalecimento sindical. “Deve existir uma compreensão orgânica para compreender que todos esses movimentos minoritários são movimentos da classe trabalhadora. O movimento LGBTQIAP+, o movimento feminista, são todos classe trabalhadora. E precisamos entender que essas são as pessoas mais violentadas da sociedade, sendo que muitas delas sequer conseguem acesso aos sindicatos de base. A lógica clássica do separar para conquistar não deixa que essa integração aconteça, e o que precisamos fazer dentro do movimento sindical é esse trabalho de inclusão, de representar as demandas e incluir as pessoas”, destacou.

Na próxima mesa, que debateu “Racismo a Brasileira: Rastros do conservadorismo e a Política do recomeço”, o Diretor de Políticas de Combate e Superação do Racismo do Ministério da Igualdade Racial, Yuri Silva, abordou o mito da Democracia Racial e as iniciativas que são importantes para o fortalecimento negro. “O debate sobre a igualdade racial é um debate civilizatório não só para a população negra, mas para toda a sociedade. A própria estrutura do Judiciário é uma composição historicamente elitista, que lá no início impediu que a população negra tivesse acesso à educação. Debater esse tema, é dar mais efetividade para concretizar os direitos e ter acesso a esses espaços, fazendo pressão interna nas instituições, pressionando o Estado e fazendo com que essa população vulnerabilizada tenha mais acesso aos sistemas”, salientou. A mesa foi mediada pelo coordenador-geral da Fenajud, Alexandre Santos e pelo coordenador de Política Sindical e Relações Internacionais, Ednaldo Martins.

Encaminhamentos

Ao final do Encontro, os participantes aprovaram diversos encaminhamentos, propondo, entre outros pontos, que os Sindicatos criem coletivos, comissões ou núcleos que tratam das questões relacionadas a minorias e diversidades; que os Sindicatos do Norte e do Nordeste oficiem os tribunais, questionando o andamento das comissões de conflitos fundiários, determinado pelo Conselho Nacional de Justiça, por meio do ministro Barroso, em outubro de 2022; e Contribuir para a formação de um observatório dos trabalhadores do judiciário contra as formas de discriminações nas decisões judiciais (espaço de denúncia e visibilidade).

III Encontro Norte e Nordeste

Por fim, ficou decidido que o próximo encontro Norte e Nordeste será realizado na região norte, com um indicativo de ser realizado no estado do Pará, o que ainda será confirmado com a diretoria da entidade, visto que o sindicato paraense não pode estar presente no encontro devido ao indicativo de greve da categoria no Pará.

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