I Encontro de Negras e Negros da Fenajud abre espaço para o fortalecimento de trabalhadoras/es negras/os no país

Atividade acontecerá nos dias 18 e 19 de maio, em Salvador (BA), com o tema “Sob o machado de Xangô: a justiça que queremos é africana”.

A FENAJUD – Federação Nacional dos Trabalhadores do Judiciário nos Estados vai debater estratégias para o fortalecimento individual e coletivo das pessoas negras a partir do resgate de tecnologias sociais, culturais e espirituais africanas, visando a superação do atual modelo de Justiça racista e classista. Essa ação, que visa contribuir com a organização coletiva das trabalhadoras e dos trabalhadores negros do Judiciário, vai acontecer nos dias 18 e 19 de maio de 2023, em Salvador (BA), no âmbito do I Encontro de Negras e Negros da Federação.

O Encontro aceitará a participação de sindicalizadas, sindicalizados e dirigentes de todas as raças e etnias. Porém, a Federação lembra que é de extrema importância que as entidades fomentem a participação presencial de negras e negros que fazem parte dos sindicatos e de suas bases nos estados. As inscrições são gratuitas.

Para a construção do encontro, a Coordenadora de Gênero, Etnia e Geracional, Ana Carolina Lobo, realizou levantamentos e estudos que embasassem a proposta. O tema da atividade é “Sob o machado de Xangô: a justiça que queremos é africana”. Vale lembrar que Xangô é o orixá africano que representa a justiça. A proposta foi realizada de maneira colaborativa, contando com as contribuições dos coordenadores negros da Federação – Alexandre Santos, Janivaldo Nunes e Ednaldo Martins – dos coletivos hoje existentes de negras e negros do Judiciário (SC e RS), além de profissionais negros da sociologia e educação.

O documento norteador da atividade aponta que “Desde 1888 até os dias de hoje, o povo negro carrega o fardo da injustiça sofrida e da perseguição a sua cultura e modo de vida. O racismo estrutural afeta a vida objetiva e subjetiva da população negra brasileira de modo perverso, se expressando por meio do genocídio especialmente de jovens negros e periféricos -através da fome, pobreza e do encarceramento em massa, os quais seguem destruindo sonhos e vidas. O Brasil não acertou suas contas com o passado e segue longe de uma reparação histórica que possa ser digna desse nome, sendo o último país do mundo a abolir a escravidão negra”.

Além disso, o documento mostra que “Quando olhamos para o papel do Poder Judiciário nisso tudo, podemos ver sua cumplicidade histórica com a opressão do povo negro, desde o fornecimento de todo o arcabouço jurídico para a escravidão que, vale ressaltar, sempre foi totalmente legal, até a estigmatização desse povo pós abolição. E mesmo nos dias atuais, o Poder Judiciário continua sendo elitista, classista e racista: continua encarcerando pessoas negras em massa (que representam cerca de 67% da população carcerária). A cada dez jovens assassinados no Brasil, 8 são negros. As mulheres negras representam 7 em cada 10 das mulheres assassinadas por armas de fogo”.

Mais informações

Local: Hotel Monte Pascoal, em Salvador (BA)*

Data: 18 e 19 de maio de 2023

Horário: 8h às 19h

*Conforme prevê o Estatuto da Fenajud, os custos com alimentação, hospedagem e translado são de responsabilidades dos sindicatos de base.

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