FOTOS: Ideia Comunicação
A atividade aconteceu nos dias 16 e 17 de setembro, em Brusque (SC), com a presença das coordenadoras da Fenajud, Arlete Rogoginski, Ana Carolina Lobo e Carolina Costa – que também é dirigente do Sinjusc, que promoveu a atividade. Com vasta programação, dirigentes ressaltaram a necessidade de mais debates construtivos como este em todo país e a importância da presença feminina no sindicalismo e demais espaços de poder.
Nos dias 16 e 17 de setembro, o município de Brusque, em Santa Catarina, recebeu quase 150 mulheres – de diferentes estados como Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Paraná, Pernambuco, Maranhão e Roraima – dispostas a realizar um amplo diálogo sobre a presença feminina nos espaços de poder. No âmbito do 4º Encontro de Mulheres do Judiciário Catarinense, as coordenadoras da Fenajud, Arlete Rogoginski, Ana Carolina Lobo e Carolina Costa, que também é dirigente do Sinjusc, realizadora da atividade, participaram das construções importantes desta atividade.
O tema do encontro foi a justiça reprodutiva, tanto no que cabe às trabalhadoras quanto ao próprio judiciário enquanto garantidor de direitos. Além disso, foi apresentado o Programa Indira, que atende servidoras e magistradas do Poder Judiciário de Santa Catarina, um dos estados onde mais ocorrem feminicídios no Brasil e onde seis servidoras já foram mortas por ex-companheiros. O nome do Programa é uma homenagem a uma dessas servidoras.
A coordenadora de Saúde e Previdência da Fenajud, secretária geral do SINJUSC e coordenadora do Coletivo Valente, Carolina Costa, foi a responsável pela abertura do encontro, que chega após dois anos de pandemia.
“Neste período criamos laços, envolvemos mais pessoas, fortalecemos nossa identidade e nos posicionamos mais politicamente. Este reencontro vem para reafirmar este novo caráter do Coletivo Valente, mais amplo e com mais pessoas ligadas às pautas feministas”, afirma a dirigente.
Arlete Rogoginski, coordenadora-geral, conduziu a mesa de debate sobre representatividade feminina e fez um relato onde citou a dificuldade enfrentada pelas mulheres para que tivessem seus direitos respeitados. Ela lembrou as discussões da Constituição de 88 e as leis que favorecem as mulheres, como as Leis Trabalhistas e Previdências. Mas ela diz que o problema vai além, ele ultrapassa as barreiras e chega ao sindicalismo.
“Pois bem, trazendo um pouco para o espaço sindical, que é o qual eu aqui represento, eu digo que não é uma tarefa fácil ser sindicalista. Por muito tempo foi um espaço dominado pelos homens e, em algumas categorias, não mudou muito. No judiciário mesmo, alguns sindicatos não adotaram, ao menos, política de cotas para mulheres, especialmente nos cargos de coordenação-geral ou presidência”, aponta Arlete.
Já Ana Carolina Lôbo, coordenadora de gênero, etnia e geracional, participou da atividade em que a entidade local também promoveu o lançamento da Revista Valente – que está em sua sétima edição – para a qual escreveu um artigo chamado “Mulheres e sindicalismo: uma história de luta e resistências”. Lobo debateu a participação das mulheres nos sindicatos e as dificuldades que ainda precisam ser vencidas.
A Revista Valente traz uma série de reportagens e artigos que falam sobre a representatividade feminina no movimento sindical. E em seu artigo, Carolina apresenta uma breve pesquisa sobre a contribuição das mulheres no sindicalismo, desde a Revolução de 1917, na Rússia.
“É uma produção de conhecimento das servidoras do judiciário, com algumas contribuições externas, mas que nasce dentro de um movimento feito por mulheres e para mulheres. Crescemos orientadas a permanecer quietas para evitar conflitos e hoje entendemos que o nosso dever é, justamente, ao contrário: falar sobre o que nos incomoda e ocupar espaços. Não vamos recuar. Vamos avançar cada vez mais”, garante Ana Carolina.
Manifesto
As coordenadoras Ana Carolina Lôbo e Carolina Costa também participaram de reuniões com integrantes do Coletivo Valente. Ana Carolina acompanhou o lançamento do manifesto virtual por uma candidatura de uma mulher para a presidência do Sinjusc. Quem quiser assinar pode conferir aqui.
Rede nacional conjunta de formação
Além disso, diante dos debates realizados no encontro, as coordenadoras debateram a necessidade de uma formação conjunta em temas de gênero e saúde voltados para as direções sindicais e bases da FENAJUD, que terá início em outubro, em Porto Alegre, com a direção do Sindjus RS e que deverá se espalhar por todo o Brasil.
“Entendemos que é necessário nivelar conceitos e entendimentos. Às vezes achamos que todo mundo já deveria saber certos conceitos sobre gênero e como incluir mais as mulheres no sindicalismo, mas existem diferenças geracionais importantes a serem consideradas que influenciam na forma como esses conhecimentos são acessados (ou mesmo o interesse pelo assunto), portanto é importante esse nivelamento para que possamos garantir que todo mundo está partindo de um mesmo lugar, tendo acesso às mesmas informações. Daí a importância de ofertar formação às direções sindicais”, pontuou Ana Carolina.
Reunião com desembargador
A passagem de Ana Carolina por Santa Catarina terminou com uma visita ao Desembargador Altamiro de Oliveira, vice-presidente do TJSC, numa reunião sobre o auxílio do risco de vida para o apoio especializado (assistentes sociais e psicólogas), um público majoritariamente feminino que adentra as residências dos jurisdicionados para a realização dos estudos. A coordenadora ressaltou que o Poder Judiciário é nacionalmente composto em sua maioria por mulheres servidoras, e que essa atenção à segurança era muito importante.
Com informações do SINSJUSC