3º Conjus do Sindijus-SE debate democratização do judiciário com presença da Fenajud

Coordenador da Secretaria-Geral, Dionizio Souza, acompanhou debates que entrelaçaram política e papel do Poder Judiciário.

Com o tema “Democratizar o judiciário, democratizar a sociedade brasileira”, o 3º Congresso do Sindijus-SE (Sindicato dos Trabalhadores do Poder Judiciário do Estado de Sergipe) deu o pontapé inicial de debates sobre o Poder Judiciário sergipano e nacional na última sexta (24). O tema levantado levou a sociedade a refletir sobre a necessidade urgente de uma reforma do Poder Judiciário, considerando o momento de avanço de posturas autoritárias contra os direitos da população que comprometem gravemente a democracia no país. Como uma das entidades mais interessadas no assunto, a Fenajud (Federação Nacional dos Trabalhadores do Judiciário nos Estados) se fez presente, por meio do Coordenador da Secretaria-Geral, Dionizio Souza.

Com um debate estimulante e qualificado, a noite de abertura do 3º Congresso do Sindijus revelou aspectos importantes que podem balizar a luta dos trabalhadores em direção à democratização do Judiciário, em prol de uma sociedade mais justa e mais democrática.

Dionizio avaliou o evento como algo grandioso, e completou dizendo que “Com discussões de alto nível, o Sindijus-SE acerta ao fazer este debate sobre a democratização do judiciário, principalmente neste momento em que o país vive, em que o judiciário tem dominado o noticiário nacional. O sindicato sergipano atingiu o seu objetivo com este evento. Para nós, da Federação, é uma satisfação participar de algo tão completo, em que os trabalhadores e trabalhadoras do Poder Judiciário podem dialogar de forma progressista, discutindo caminhos para mudar o quadro desse Poder Judiciário que fazemos parte”.

O coordenador da Fenajud fez uma análise de conjuntura do Judiciário e citou a PEC 526/2010, do deputado Vicentinho, que propõe a democratização do Judiciário pela via do voto dos trabalhadores para escolha da gestão dos tribunais. Ele defendeu a atuação dos trabalhadores para a aprovação dessa PEC. Em sua fala, citou também os casos de perseguição de dirigentes – em Sergipe, Plínio Pugliesi, e no Ceará, Roberto Eudes e Pedro Elker.

A mesa de abertura contou com as presenças do dirigente do Sindijus Marcelo Ferreira, da deputada Ana Lucia e do vereador Iran Barbosa, do representante do Dieese Luiz Moura, do defensor público e integrante da Frente Brasil Popular Erick Argolo, do dirigente da Fenajud Dionízio Barbosa, o presidente da CUT/SE Rubens Marques e José Adriano do MST.

O dirigente sindical Marcelo Ferreira, responsável pela pasta de Relações Institucionais e Comunicação, pontuou com ênfase o que vem significando a trajetória de combatividade do Sindijus: “Não é uma luta fácil. Denunciar o cara que é seu chefe, quando é ele também quem te julga”, declara.

Os outros dois palestrantes fizeram suas considerações a respeito da conjuntura. O professor Rubens Marques, o primeiro a falar, destacou a importância do Dieese para os sindicatos e a necessidade de garantir sua existência, encontrando soluções para as dificuldades financeiras pelas quais passa a entidade. Experiente na luta, o professor Dudu, como é conhecido, elogiou a postura autônoma e se diz cético em relação a mudanças fáceis no Judiciário. Para ele, o Judiciário “mantém o status quo dos exploradores” e, portanto, necessita de uma modificação total de sua caracterização. “[…] Ou se faz isso com muita luta […] Acho difícil mudar essa caracterização a curto prazo”, opina.

Fazendo uma análise da conjuntura nacional e internacional, o professor  titular da UFABC Jessé de Souza, trouxe uma abordagem instigante. “Como a gente se comporta é que decide a vida”, disse em sua fala, demonstrando uma análise que ultrapassa a dimensão do trabalho na análise dos fronts de luta. O professor fez uma longa análise das origens do pensamento sobre o Brasil, das classes e da organização de ideologias entrelaçadas ao capital que atuam no nosso país até os dias de hoje – uma abordagem que é o centro do seu recente livro, “A Elite do Atraso”. Relacionando o Judiciário ao seu objeto de estudo, o professor fez afirmações contundentes durante sua explanação. “A Justiça é a do escravocrata”, afirmou, denunciando como o Poder Judiciário nacional tem atuado de forma discriminatória e reduzindo o acesso a direitos há muito tempo no Brasil.

O evento contou com a presença de trabalhadoras e trabalhadores do Poder Judiciário sergipano e de várias regiões do país, além de representantes de outros sindicatos, a exemplo do Sindsemp, Sindifisco, Sindisan, Sindoméstica, Sinasefe e Sindipetro. Também participam representantes da Central Única dos Trabalhadores secção Sergipe e Nacional, Coletivo Contra Corrente, Advocacia Operária, MST, Cress, Fetam MPA, UNE, Fundação Renascer, UFS e Sintese.

 

Com informações do Sindijus-SE

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